ATA DA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 22-02-2002.
Aos vinte e dois dias do mês de fevereiro do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum e Raul Carrion. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Estilac Xavier, Fernando Záchia, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Primeira Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Sessão de Instalação da Segunda Sessão Legislativa Ordinária, foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 260/01 (Processo nº 3880/01); pelo Vereador Almerindo Filho, o Projeto de Lei do Legislativo nº 022/02 (Processo nº 0684/02); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 30 Pedidos de Providências; pelo Vereador Raul Carrion, o Projeto de Resolução nº 055/01 (Processo nº 2455/01); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 02 Pedidos de Providências e os Pedidos de Informações nºs 033 e 034/02 (Processos nºs 0678 e 0710/02); pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 023/02 (Processo nº 0705/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 050/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 120/02, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF; 007/02, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente da GETES - DEFIN - AF do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier discorreu acerca da posição da Bancada do Partido dos Trabalhadores no que se refere ao Requerimento nº 278/01 (Processo nº 4536/01 - Moção de Solidariedade ao jornalista Políbio Braga) de autoria do Vereador Sebastião Melo, tecendo considerações sobre os conceitos de liberdade de expressão e de censura prévia aos profissionais da comunicação no que tange à publicação de artigos na imprensa escrita. O Vereador Haroldo de Souza, comunicando que, no dia vinte e cinco de fevereiro do corrente, haverá Reunião Extraordinária da Comissão de Educação, Cultura e Esportes no Gabinete do Senhor Prefeito Municipal, a fim de debater a implantação de uma pista de eventos na Capital, destacando a necessidade de que tal obra seja realizada com a maior brevidade possível. Também, posicionou-se favoravelmente à solicitação do Vereador Ervino Besson, no sentido de que seja constituída uma Comissão Externa para tratar do tema. O Vereador Fernando Záchia, reportando-se a artigo publicado hoje no jornal Zero Hora, criticou a instalação de controladores eletrônicos de trânsito na Avenida Nilo Peçanha. Também, pronunciou-se a respeito do número de multas aplicadas por excesso de velocidade a motoristas em Porto Alegre, questionando os critérios adotados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC - no que se refere aos locais de colocação desses dispositivos. O Vereador Adeli Sell teceu considerações sobre a inauguração de duas linhas de lotação que atenderão os Bairros Parque dos Maias e Lomba do Pinheiro. Também, comentou sobre os problemas ocorridos durante o desfile das escolas de samba em Porto Alegre, salientando a necessidade de implantação de uma pista de eventos na Capital e a intenção da Prefeitura Municipal de Porto Alegre em promover a qualificação do Carnaval porto-alegrense. O Vereador Dr. Goulart aludiu aos tipos de serviços médicos especializados oferecidos pelo Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC - RS, destacando a necessidade de construção de um hospital de urgências em Porto Alegre. Também, teceu críticas ao Veto Total aposto pelo Senhor Prefeito Municipal ao Projeto de Lei do Legislativo nº 207/01 (Processo nº 3035/01), que autoriza a internação de paciente em estado grave em hospitais privados quando não houver vaga na rede pública. O Vereador João Antonio Dib discorreu acerca da ampliação da rede de distribuição e da melhoria da qualidade da água consumida nesta Capital, posicionando-se sobre o aumento das tarifas sobre esse serviço. Também, convidou os Senhores Vereadores a participarem de reunião da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL a ser realizada hoje, na qual será ouvido o Senhor Carlos Todeschini, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Águas e Esgotos - DMAE. O Vereador Ervino Besson aludiu a roubo sofrido ontem a noite, nas imediações deste Legislativo, pelo Senhor Mauro Quadros, funcionário desta Casa. Também, manifestou-se sobre o Requerimento nº 021/02 (Processo nº 0609/02), que solicita a constituição de Comissão Externa com vistas a apurar irregularidades ocorridas durante o carnaval de dois mil e dois em Porto Alegre e parabenizou o trabalho desenvolvido pela Brigada Militar no resgate a vítimas de afogamento no Litoral gaúcho. O Vereador João Carlos Nedel pronunciou-se acerca de problemas enfrentados pela comunidade do Bairro Jardim do Salso, procedendo a mostra fotográfica dos mesmos, especialmente no que se refere à colocação irregular de lixo em áreas urbanizadas, o que ocasiona o assoreamento de arroios localizados nessa região. Ainda, criticou as condições de infra-estrutura de Casa de Passagem instalada pela Prefeitura Municipal no referido Bairro. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 005, 007, 010, 013, 014/02, 297/01, este discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, e 260/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Sofia Cavedon e João Carlos Nedel, os Projetos de Lei do Executivo nºs 037 e 038/01, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell, Juarez Pinheiro, Sofia Cavedon e João Carlos Nedel; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 292/01. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes reportou-se ao pronunciamento do Vereador João Carlos Nedel em Comunicações, no que tange à aplicação de políticas públicas, pelo Executivo Municipal, para debelar problemas estruturais da Cidade. Ainda, examinou o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02, que versa sobre a criação do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre - PREVIMPA. O Vereador Nereu D’Avila manifestou-se contrariamente à proposta do Governo Municipal de aumentar o valor da tarifa cobrada pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE, relativo ao fornecimento de água e tratamento dos esgotos da Cidade. Também, teceu considerações acerca da postura favorável adotada pelo Partido dos Trabalhadores, no que se refere à manutenção, pelo Governo Federal, da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras - CPMF - no País. O Vereador Antonio Hohlfeldt, abordando a questão de aumento na tarifa de água e esgotos proposta pelo DMAE, analisou os dispositivos legais que regulamentam a matéria, afirmando que, no entender de Sua Excelência, esse processo deveria ser efetuado através de um Projeto de Lei encaminhado a esta Casa. Nesse sentido, propôs a participação da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL para discutir esse tema junto à comunidade. O Vereador Sebastião Melo contrapôs-se à iniciativa do Executivo Municipal em majorar a tarifa de prestação dos serviços de água e esgotos na Cidade, afirmando a inconstitucionalidade de tal medida. Ainda, informou ter solicitado a presença do Senhor Carlos Todeschini, Diretor-Geral do DMAE, para participar de reunião da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, com o intuito de prestar esclarecimentos sobre o assunto. O Vereador Almerindo Filho discorreu sobre fiscalizações promovidas pelo Programa Estadual de Defesa do Consumidor - PROCON - RS no dia vinte de fevereiro do corrente em supermercados da Capital, para verificar o cumprimento da legislação que prevê a etiquetação individual dos produtos e as condições de conservação dos gêneros alimentícios vendidos, informando a ocorrência de autuações a estabelecimentos que não estavam desenvolvendo suas atividades dentro das condições ideais. O Vereador Haroldo de Souza reportou-se à coluna do Jornalista José Barrionuevo, publicada na edição de hoje do jornal Zero Hora, na qual consta que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre procedeu à devolução de recursos federais destinados combater a ocorrência de casos de dengue em Porto Alegre, relativos aos anos de mil novecentos e noventa e nove e dois mil, destacando a importância da adoção de medidas públicas que evitem a proliferação dessa doença na Cidade. A Vereadora Clênia Maranhão registrou a formação de uma aliança entre partidos políticos de ideologia trabalhista em nível nacional, a fim de apoiar a candidatura do Senhor Ciro Gomes ao cargo de Presidente da República, afirmando que o detentor desse cargo deve promover a defesa dos trabalhadores e que sua atuação deve fundar-se na amplitude do debate político e na defesa do interesse público e do bem comum, em detrimento de interesses meramente partidários. O Vereador Raul Carrion mencionou o transcurso, amanhã, do primeiro aniversário de falecimento do ex-Deputado Federal Francisco Machado Carrion Júnior. Também, analisou a necessidade da implantação de uma pista de eventos em Porto Alegre, criticou a atitude do Senhor José Serra, Ministro da Saúde, no sentido de afastar-se do cargo para concorrer à Presidência da República e manifestou-se sobre dados estatísticos alusivos aos lucros auferidos pelas instituições bancárias privadas do País. O Vereador Luiz Braz comentou aspectos alusivos ao aumento verificado nas tarifas de fornecimento de água em Porto Alegre, dissertando sobre aspectos legais e doutrinários referentes à definição do modelo tributário relativo a esse serviço, de acordo com a sua compulsoriedade e a essencialidade da sua prestação. Nesse sentido, solicitou que a Mesa Diretora, através da Procuradoria da Casa, promova Ação Declaratória para definir se o referido serviço deve ser cobrado através de taxa ou de tarifa. Na ocasião, o Vereador Sebastião Melo procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento, solicitando manifestação da Comissão de Constituição e Justiça sobre a legalidade da autorização dada pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, através de Decreto, para o aumento da tarifa de água e esgotos em índices superiores aos da inflação. Também, face à solicitação formulada pelo Vereador Luiz Braz, em seu pronunciamento em Comunicação de Líder, o Senhor Presidente determinou que a mesma fosse formalizada por escrito e, após, encaminhada à Procuradoria da Casa, tendo o Vereador Luiz Braz manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Estilac Xavier manifestou-se sobre o aumento nas tarifas de ônibus e de fornecimento de água potável em Porto Alegre, afirmando que tais medidas são necessárias para a manutenção da qualidade desses serviços na Cidade, através da renovação da frota de veículos de transporte coletivo e da expansão das redes de distribuição de água, dentre outras medidas. Nesse sentido, contraditou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Sebastião Melo, no referente à questão. Na oportunidade, o Vereador Adeli Sell procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento firmado por Sua Excelência, solicitando juntada de documento aos autos do Projeto de Lei do Executivo nº 038/01 (Processo nº 4652/01), o qual foi deferido pelo Senhor Presidente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib externou sua contrariedade à posição adotada pelo Senhor Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre, no sentido de disputar a candidatura ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Ainda, teceu considerações sobre a qualidade dos serviços e da água distribuída pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE e sobre os investimentos do Executivo Municipal em diversas áreas da Administração Pública. O Vereador Carlos Alberto Garcia manifestou-se contrariamente à manutenção da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras - CPMF - até o ano dois mil e quatro, destacando que esse tributo não será cobrado sobre as operações realizadas pelas Bolsas de Valores. Também, referiu-se à legislação municipal que obriga o cadastramento dos proprietários de telefones celulares pré-pagos, propugnando pela regulamentação da matéria em nível nacional, por parte da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL. Após, foi apregoado o Processo nº 0788/02, de autoria do Vereador Sebastião Melo, que solicita a oitiva da Comissão de Constituição e Justiça sobre a legalidade da autorização dada pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre para o aumento da tarifa de água e esgotos acima da inflação, tendo o Vereador Juarez Pinheiro manifestado-se a respeito. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Sebastião Melo, aditado pelos Vereadores Dr. Goulart, Carlos Alberto Garcia e Estilac Xavier, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Também, o Vereador João Antonio Dib procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento de autoria de Sua Excelência, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 004/01 (Processo nº 1115/01) seja retirado do regime de urgência previsto no artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 091/01, com ressalva das Emendas nºs 01 e 02 a ele apostas, após ser discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Clênia Maranhão, Raul Carrion, Dr. Goulart, Sofia Cavedon, Adeli Sell, Marcelo Danéris, Reginaldo Pujol, Maristela Maffei, João Antonio Dib, Sebastião Melo e Estilac Xavier e encaminhado à votação pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Sebastião Melo, Estilac Xavier, Antonio Hohlfeldt e João Antonio Dib. Após, foram aprovadas as Emendas nºs 01 e 02 apostas ao Projeto de Resolução nº 091/01. Durante a apreciação do Projeto de Resolução nº 091/01, o Vereador Aldacir Oliboni cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Marcelo Danéris. A seguir, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, a qual obteve dez votos SIM e um voto NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo e Não o Vereador Carlos Alberto Garcia, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Às treze horas e quarenta e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e assinada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
Passamos às
O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, funcionários, público do Canal 16. O assunto que me traz
aqui é a Moção de Solidariedade proposta pelo Ver. Sebastião Melo na Sessão
passada ao ilustre Jornalista Políbio Braga. Essa matéria foi encaminhada pelo
meu nobre amigo e colega Ver. Marcelo Danéris.
Estou levantando essa questão, porque a matéria está na
Ordem do Dia, num dos requerimentos, e certamente nós vamos acabar votando. Eu
quero, Ver. João Antonio Dib, alertar que a posição da nossa Bancada não é uma
posição contra “a” nem contra “b”, mas o que está-se querendo fazer nessa Moção
é uma disputa política com o BANRISUL e com o Governo do Estado, e não a defesa
da liberdade de expressão de um jornalista. Eu fui atrás do Processo, Ver. João
Antonio Dib e Ver. Haroldo de Souza, e peguei a matéria que foi escrita pelo
Jornalista Políbio Braga, na matéria ele diz o seguinte: (Lê.)
"Perseguição.
Roni Marques Correa, ex-Diretor do Banrisul Processamento de
Dados, funcionário há vinte anos, concursado, foi demitido ontem de manhã por
se negar a assinar uma ata de transmissão de cargo falsificada pela nova
direção. Correa já estava marcado porque como os outros dez empregados
concursados postos ontem na rua, era um militante do PMDB. A perseguição
política dentro do BDP é inédita. Nem durante a Ditadura Militar foi tentado
algo semelhante. Os demitidos vão a juízo pedir reintegração.” Quatro
funcionários: Robson Colombi Schüler, na época diretor; Paulo Antônio Ricardo
Galarza; Paulo Espirito Santo da Silveira e Yuri Santana do Santos, sentiram-se
caluniados, porque não existe ata falsificada. E há um longo processo de
disputa entre funcionários que inclusive deu-se dias antes do término do
governo passado, deram estabilidade permanente no banco, e tem uma ação.
Então, o que a Câmara está fazendo, neste momento, é
interferindo entre uma disputa. V. Ex.ª, Ver. Haroldo de Souza, V. Ex.ª sabe,
tem à disposição o rádio, a televisão, é um jornalista, como Vereadores nós
aqui vemos, falamos, mas isso não nos isenta de responsabilidade. Tanto é que
todos defendemos que nós somos inatingíveis no exercício e defesa das nossas
posições enquanto parlamentares, mas não estamos imunes ao crime comum. Aliás,
coisa que nos deixa com posições aterradoras quando vemos os Deputados
Federais, ou Senadores, usando da tribuna para fazer calúnia, acobertando-se na
imunidade parlamentar para cometer crime.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac Xavier, V. Ex.ª aborda um
assunto da maior importância. Eu só queria gizar o que V. Ex.ª disse no início
da sua colocação, dizendo o seguinte: os parlamentares no exercício do mandato
têm imunidade com ampla jurisdição apenas por crime de difamação; no caso de
calúnia, ou seja, alguém acusar alguém de crime, não há imunidade parlamentar,
nem nós podemos acusar alguém de crime, como aliás alguns Vereadores têm feito
nesta Casa.
O SR. ESTILAC XAVIER: As pessoas que entraram
com essa ação são pessoas físicas, cidadãos, que têm imagem a preservar, e eles
querem se defender. E no que isso atinge a liberdade de expressão do
jornalista? No que atinge? Que censura prévia é essa? Que perseguição é essa?
(Lê.) “Médico responde sobre seus erros”. Aí tem um caso retumbante
nacionalmente, o tal de Marcos Caron, cirurgião que não tinha habilitação para
isso. O advogado responde, o economista responde, o contabilista, o engenheiro,
Ver. João Antônio Dib, responde pelos seus atos. Por que o jornalista não
responde - depois de ter feito a sua locução - pelos seus atos? Eu respondo
pelos meus. Então, nós estamos fazendo aqui uma luta política e,
lamentavelmente, tentando entrar na esfera, inclusive, de um regramento
democrático entre as pessoas que se sentem injuriadas, que possam se sentir
atingidas. Como ele diz aqui: (Lê.) “Se o jornalista gosta ou não gosta da
pessoa, isso é da esfera privada. Agora, ele não pode, graciosamente, atingir a
honra objetiva e subjetiva das pessoas”. E é isso que está em curso.
Então, se nós vamos votar esta Moção hoje – eu tenho aqui
cópia de todo o Processo – eu acredito que esta Casa é uma casa séria, sempre
foi, agora, primeiro, já a própria Moção é nebulosa, necessariamente, para
produzir o efeito que ela quer: político, como se nós estivéssemos condenando,
de roldão, o Governo, o BANRISUL, e dizendo que isso é atitude dos membros do
PT. Está incorreto isso, está errado, isso não é certo, porque isso atinge hoje
de forma instrumental, um governo ou outro, e isso pode se voltar contra
aqueles que fazem. A nossa Bancada nunca veio aqui, nesta Legislatura, para
ofender ou caluniar quem quer que seja.
Portanto, nós estamos trazendo isso, porque hoje o processo
pode se dar por encaminhamento direto, porque já foram feitos todos os
procedimentos dos líderes, eu estou trazendo esta questão para informar a Casa.
E vou pedir, Sr. Presidente, por último, que seja colocado nos Anais da Casa
todo esse processo, para que fique na história esta posição. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. Haroldo de Souza está com a palavra por transposição de tempo com o Ver.
Fernando Záchia em Comunicações.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, quero ser breve e falar sobre a pista de eventos. Na reunião
da terça passada, nós da Comissão de Educação e Cultura, agora sob a
presidência da brilhante Ver.ª Maria Celeste e com a presença da Ver.ª Sofia
Cavedon que foi a brilhante Presidenta do ano passado, e dos Vereadores Luiz
Fernando Záchia, que foi um guerreiro e um cidadão que deu conta do recado como
Presidente da Casa, brilhante; e João Bosco Vaz, acordamos em marcar um
encontro com o Prefeito Tarso Genro para segunda-feira, às 8h30min, para dar ao
Sr. Prefeito o apoio que ele precisa desta Casa para que ele comece a realizar,
no máximo em sessenta dias - para pararmos com essa enrolação da pista de
eventos -, o início das obras da pista de eventos de Porto Alegre, a começar
exatamente pela pista. Não é a pista onde vai descer um Boeing, mas onde vão
passar os carnavalescos, os desfiles militares, as escolas de samba.
O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Inicialmente agradeço a V. Ex.ª por me
conceder o aparte. Este Vereador está acompanhando com muita atenção o
pronunciamento de V. Ex.ª e lhe informo que este Vereador entrou com o pedido
de uma Comissão Externa para que seja esclarecida essa parafernália que houve
neste carnaval. A CEFOR, na sua maioria, aprovou a abertura dessa Comissão, com
a honra, inclusive, da assinatura do Ver. Adeli Sell. Depois seguiu para a
Comissão da qual V. Ex.ª faz parte e a Ver.ª Sofia Cavedon pediu vista do
Processo – não existe nada para pedir vista, mas respeito a posição da Bancada
do PT. Conforme informações que obtive da Vereadora-Presidenta da Comissão
Maria Celeste, na próxima terça-feira virá à Casa a Secretária para ser ouvida
pela Comissão de Educação, liberando-a para que essa Comissão também possa
ouvi-la.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Respondendo ao Ver.
Ervino Besson, meu querido amigo, não sou contra a comissão externa, de fundo,
por trás do quintal; comissão executiva, administrativa. Pode ser feita essa
comissão para verificar o que aconteceu no carnaval passado, tudo bem. Mas isso
não vai resolver o problema que teremos em 2003. Então, todas as Comissões
podem continuar funcionando. Só que a sugestão que todos nós da Comissão de
Educação e Cultura damos é que nós estaremos junto com o Prefeito Tarso Genro
para que possamos, nós, da Comissão, com a permissão dos demais 27 Vereadores,
tocar para frente. O meu raciocínio é que a construção da pista, onde vão
desfilar, pela ordem, os barracões das escolas de samba possam ficar próximos
ao desfile para não acontecer o que aconteceu desta feita em Porto Alegre, e
que se evite a permanência dessa coisa feia que está emporcalhando a Av.
Guaíba, esses carros de mau gosto parados ali. Se fossem carros de primeira
linha, tudo bem, mas são monstrinhos que estão ali deixando feio o panorama, o
entardecer da nossa Porto Alegre. Finalmente, no mês de novembro ou dezembro,
começariam a construir essas pistas, essas instalações improvisadas que estamos
usando há tantos anos e os barracões definitivos prontos. Depois, teremos mais
um ano para construir as arquibancadas. É a única maneira que temos, que eu
enxergo, para que possamos realmente e definitivamente termos um parto sem dor
com relação a essa pista de eventos de Porto Alegre, porque não vai resolver
esse negócio de conversar e conversar, senão, no ano que vem, estaremos na
mesma situação.
Quero dizer, nobre Ver. Estilac Xavier, liberdade de
expressão! Quem acusa responde pelos atos. Estou com V. Ex.ª! O expediente
“moções”, eu tenho minhas reservas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicações.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, li nos jornais de hoje, uma matéria que tenho, há três anos,
debatido aqui na Câmara e participado de um debate absolutamente democrático
sobre os pardais em Porto Alegre. E
tenho sempre me reportado a minha dúvida nesse processo e a minha discordância
na sua funcionalidade. É que esses pardais
têm o objetivo absoluto e claro, para mim, de arrecadar, tanto é que os
denominei de “pardais faturadores”,
especificamente “pardal faturador”
esse localizado na Av. Nilo Peçanha. Eu dizia isso há dois anos, quando da sua
instalação, e os dados de hoje no jornal Zero
Hora comprovam com clareza essa minha tese, de que o pardal que mais multou na
cidade de Porto Alegre, nos dois últimos anos, foi o da Av. Nilo Peçanha, autuando
trinta e sete mil, cento e vinte e oito motoristas. Vejam que ele não foi o
primeiro a ser instalado em Porto Alegre, o primeiro foi na Av. Ipiranga, e os
da Av. Azenha, Av. João Pessoa e na Av. Assis Brasil, mas mesmo sendo instalado
em um segundo momento, ele foi o que mais autuou e, conseqüentemente, o que
mais faturou. Vejam que ele é instalado em uma Avenida – e tenho dito isso ao
longo dos tempos – que não está, na estatística oficial do Município, entre as
vinte primeiras avenidas ou ruas de Porto Alegre em número e incidências de
acidente, e não está entre as trinta maiores em extensão, tendo como primeira a
Av. Protásio Alves, em segundo a Av. Assis Brasil em tamanho e em comprimento,
e na Av. Protásio Alves há dois pardais,
e na Av. Assis Brasil há somente um, Ver. Haroldo de Souza, sendo que na Av.
Nilo Peçanha, que é menor, bem menor, há dois, e havia um caetano na esquina da Av. Nilo Peçanha com a Av. Carlos Gomes. Por
que isso, se há nessa avenida, que não está entre aquelas que tem o maior
número de acidentes, que não está entre aquelas que tem um comprimento, uma
extensão das maiores, mas ela está estrategicamente colocada em uma rota que
denominamos e conhecemos como a rota do shopping
center, a rota da classe média, a rota de colégio de classe média na cidade
de Porto Alegre? E daí tem, amplamente, uma movimentação está em um declive, em
uma descida, na frente do Grêmio Náutico União, quando as pessoas vêm no
sentido bairro-Centro, no sentido Shopping Center Iguatemi, na Av. Protásio Alves,
próximo à rótula da Rua Carazinho, eles têm de descer aquele declive freando
para que não ultrapasse os 60km permitido. Então, está claramente instalado,
não com o objetivo que deveria ter um sistema de trânsito para proteger o
pedestre, para dar condições, para dar garantia para diminuir o número de
acidentes, não, ele está instalado para que possa ali pegar o motorista
descuidado, o motorista desavisado, não o motorista irresponsável, não aquele
que anda, conscientemente, acima da velocidade permitida, mas aquele que passa
a 65, a 67km e é autuado, sendo que trinta e sete mil, cento e vinte e oito
motoristas foram autuados.
Nessa relação fornecida pelo jornal Zero Hora, há cento e sessenta e cinco mil multas. Ver. Ervino
Besson, a menor multa é de 120 UFIRs, a maior é de 540. Se nós aqui sempre
dissemos que a maioria são os motoristas desavisados, não vamos fazer uma média
matemática, não vamos somar 540 mais 120,
660 dividido por 2, mas vamos colocar um número de 200 reais por multa,
isso dá 33 milhões de reais nesses pardais.
Não estamos falando dos azuizinhos,
não estamos falando das lombadas eletrônicas, que são mais trinta e uma mil
multas. Isso dá 5% ao orçamento do Município, sem ter que passar pela Câmara,
sem ter que passar pela aprovação dos Srs. Vereadores. Trinta e três milhões de
reais de faturamento pelo Município. Por que não se altera esse sistema? Se dá
transparência, como deveria ser, e colocar ao invés dos pardais lombadas eletrônicas, que tem um significado, tem o
objetivo da segurança do trânsito, mas tem com clareza a transparência no
processo. Os motoristas, os pedestres, toda a sociedade estará vendo a
velocidade que os carros estarão passando e não num sistema eletrônico que não
temos o menor controle. Então, fico triste quando vejo esse número de cento e
sessenta e cinco mil multas nesses pardais.
Para encerrar, Sr. Presidente, e aqui não está considerado,
não está relacionado o pardal da Av.
Cavalhada que funcionou por mais de um ano sem estar aferido pelo Inmetro,
funcionou de uma maneira irregular, mas multando os motoristas que a Prefeitura
nem divulga os seus dados, por vergonha, por estar concordando que o processo
era irregular. Então, aqueles motoristas que foram multados na Av. Cavalhada,
ao longo desse período tem todo o direito de solicitarem que as suas multas
sejam devolvidas, o mesmo processo que fizeram erradamente a um ano e meio na
Av. Ipiranga quando multaram vinte e uma mil pessoas de uma maneira equivocada.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. Adeli Sell está com a palavra por cessão de tempo da Ver.ª Helena Bonumá
em Comunicações.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou falar de carnaval, mas antes disso queria anunciar que a EPTC
inaugura linhas de lotação para o Parque dos Mayas e para a Lomba do Pinheiro,
Ver.ª Maristela Maffei. Vou falar de carnaval, sim! Eu achava que o assunto se
esgotaria não na quarta-feira de cinzas, porque não havia atividade aqui nesta
Casa, mas na quinta-feira, que não chegaria a sexta-feira, porque para as
pessoas sensatas desta Cidade e para 99,9% dos homens e mulheres de imprensa
desta Capital; 99,9% a culpa pelo transtorno, pela bagunça, por nos colocar
numa situação vexatória, todo mundo sabe quem são os responsáveis, a minoria da
minoria no carnaval de Porto Alegre; os outros fazem bonito o ano inteiro, com
dificuldades sustentam suas escolas, com muita dificuldade sustentam suas
tribos carnavalescas; com muitas e muitas dificuldades e com o apoio do Poder
Público, o carnaval de rua está sendo revitalizado, ano após ano.
E nós voltaremos, mais dia, menos dia a ter um grande
carnaval de rua em Porto Alegre e na Região Metropolitana porque o carnaval é
da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre. Nós teremos, sem dúvida
nenhuma, a grande volta desse tipo de manifestação popular, e nós teremos
também a nossa pista de eventos, porque várias entidades entregaram ontem ao
Sr. Prefeito o apoio para que a pista de eventos seja feita lá no Humaitá. Não
um carnaval guetizado, jogado na periferia da periferia da Cidade de Porto
Alegre, porque nós temos de ter um carnaval e uma pista de eventos para os
desfiles de 7, de 20 de setembro, para a Festa das Nações, para as atividades
étnico-culturais, porque o carnaval é uma expressão de um segmento da
sociedade, mas nós temos dezenas de segmentos da sociedade. Nós não queremos
atividades acanhadas dos alemães, no 25 de Julho; dos Italianos, no Massolin;
das danças polonesas, que são fantásticas na cidade polonesa; nós queremos toda
esta vivacidade, todo este dinamismo, toda esta riqueza étnico-cultural na
pista de eventos. Mas, não. Vem uma pressão aqui nesta Casa e os discursos
mudam aqui, Ver. Haroldo de Souza. Há muitos Vereadores suscetíveis a pressões
de minorias. Nós temos que olhar para o conjunto da Cidade.
Quando o Ver. Ervino Besson propõe uma Comissão Externa, eu
quero estar nela, nós queremos estar nela, porque nós vamos falar com a
sociedade e vamos trazer para esta Casa o que o povo de Porto Alegre pensa. Uma
pista de eventos, sim! Não um carnaval guetizado, não um carnaval onde um,
dois, três, a minoria da minoria da minoria manda, subjuga outras escolas, faz
pessoas calarem. Não! Esta Cidade tem história, o carnaval de Porto Alegre tem
história. Para quem não a conhece, há um livro da Secretaria Municipal de
Cultura, Ver. Dr. Goulart., que V. Ex.ª conhece muito bem. Nós queremos
revitalizar o carnaval desta Cidade, e nós queremos transpor de forma
altaneira, soberba esse vexame que alguns nos colocaram em nível nacional. Nós,
que havíamos saído do Fórum Social Mundial comentados, falados no mundo
inteiro, e não está aqui em discussão a ideologia, está em discussão o que o
mundo quer. Eu que falo como trade
turístico desta Cidade e todos dizem: esse é um evento que o mundo quer e Porto
Alegre tem.
A Sra. Maristela Maffei: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu gostaria de dizer que estou de
pleno acordo com as palavras proferidas por V. Ex.ª e dizer que, enquanto
companheira de Partido, nós não vamos aceitar nenhuma provocação e muito menos
ameaças, como temos enfrentado nesses últimos dias, de setores dos quais
sabemos exatamente quais são as raízes. Obrigada.
O SR. ADELI SELL: Para concluir, Sr.
Presidente, o que eu disse no ano passado volto a dizer: eu bebo a água do
DMAE, eu tenho orgulho do carnaval de Porto Alegre, mas tenho vergonha do que
alguns fizeram. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do
Ver. Isaac Ainhorn.
Nós vamos ter de derrubar esse veto, porque o povo de Porto
Alegre confia que as pessoas que por ele foram eleitas vão cuidar da saúde
dele.
Vamos começar a discussão agora. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra no período de Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu quero, neste momento, reafirmar o profundo carinho que tenho
pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos; duas vezes eu fui o seu Diretor,
duas vezes eu assumi a Direção-Geral do DMAE com situação econômica-financeira
muito precária, muito precária, e o deixei em perfeitas condições, duas vezes.
Tenho parte, e tenho a convicção disso, na pujança desse
Departamento, porque na primeira vez em que assumi, pouco mais de 50% da
população da Cidade tinha água, hoje tem 97%, porque estabeleci convênios que
deram ao DMAE o respeito necessário e se fez a implantação maior de rede. Eu
estabeleci a cobrança por ramal o que fez com que a arrecadação fosse mais
eficiente. Eu fiz o modelo matemático de qualidade das águas do rio Guaíba, na
minha segunda vez. Eu fiz o aumento da capacidade de tratamento das estações,
claro que não se faz num momento só, porque as estações não poderiam ser
interrompidas, mas, continuadamente, a partir da minha administração, lá, vem
sendo feito, e agora todas elas aumentaram a sua capacidade de tratamento. Eu
poderia citar um monte de outras realizações, como a Estação de Tratamento de
Água na Ilha da Pintada e até era tão grave a situação financeira do DMAE que,
em janeiro de 1976, para pagar o funcionalismo e alguns fornecedores, tive que
fazer um empréstimo bancário com aval pessoal. Claro que eu não tinha os 5
milhões que fiz de empréstimo para pagar, claro que o gerente do banco sabia
que eu não poderia pagar se tivesse que pagar, mas era um aval moral, e, quando
saí, deixei tudo pago, com dinheiro em caixa e em condições de continuar.
Agora, vejo que o DMAE está anunciando, há vários dias - e
já fiz uma reclamação desta tribuna, hoje é a segunda -, que, a partir de
março, a tarifa básica de água em Porto Alegre vai sofrer um reajuste de 90
centavos para 1 real e 6 centavos por metro cúbico. A medida foi aprovada ontem
pelo Conselho Deliberativo do Departamento, depois de um estudo que analisou os
custos dos últimos sete anos. Até me entristece saber que duas entidades se
abstiveram de votar, houve um empate, e o Diretor-Geral do DMAE, naturalmente,
votou favoravelmente e desempatou. Esse não foi o voto de Minerva, esse foi o
voto que me enerva. O Diretor do DMAE, Carlos Todeschini, disse que o reajuste
é importante para que seja obedecida a Lei n.º 2.312, de 61, que é a Lei que
criou o Departamento Municipal de Esgotos, e que, naquele momento, se exigia a
aplicação de 25% da sua receita em investimentos.
Então, ontem, fiz um contato com o Diretor-Geral do DMAE,
com o Presidente da Comissão de Finanças, e, hoje, às 14h, em reunião
extraordinária da Comissão de Finanças, para a qual o Presidente convida todos
os Vereadores, nós vamos ouvir o Diretor-Geral do DMAE. A Lei n.º 2.312, que
criou o DMAE, no seu art. 11 diz que “na receita ordinária do Departamento
serão aplicados anualmente, no mínimo, 25% em investimentos compreendidos
nesse, a aquisição de hidrômetros, em montante não inferior a 60% da receita de
excesso de água”. Creio que isso não tenha sido feito, mas também essa mesma
lei diz que o Conselho Deliberativo, esse que permitiu que se fizesse o estudo,
deve aprovar a política geral de pessoal. Isso não deve ter sido apresentado,
porque o número de servidores na Prefeitura cresceu enormemente, além da terceirização.
Portanto, administrar não é apenas aumentar tarifas, e sim bem administrar, e
creio que isso não está acontecendo, por isso estão precisando aumentar as
tarifas. O primeiro dos itens da composição do custo tarifário está aqui:
mão-de-obra, salários e vencimentos. Se eles estão administrando mal, o povo
não tem que pagar.
É por isso que hoje nós queremos ouvir o Diretor-Geral, que
alega a Lei n.º 2.312 lhe dá essa condição de aumentar, mas ele esquece que a
Lei Complementar foi clara, precisa e concisa. Reajustamentos tarifários
fazem-se apenas acrescentando IGPM, e isso eles têm feito mensalmente. O 2.º
artigo dessa Lei diz: “Revoguem-se as disposições em contrário”. Portanto, eu
quero que a Câmara analise o que vai ocorrer. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo do
Ver. João Bosco Vaz.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, cinco minutos é pouco tempo, mas vou, rapidamente, abordar três
assuntos. O primeiro deles é que, às 22h30min, ontem, o Sr. Mauro Quadros,
funcionário desta Casa que trabalha no Gabinete do Presidente José Fortunati,
foi assaltado na frente da Câmara. Aqui, na frente da Câmara. É mais um. Vejam,
V. Ex.ªs, eu já tenho falado nesta tribuna que o pessoal está
acampado na beira do rio, há um terreno baldio. O pessoal está aí para
assaltar, não escolhe hora ou dia ou momento para assaltar. Mais uma vez, da
tribuna, faço este alerta: estão assaltando as pessoas debaixo dos nossos
olhos. Esperamos que alguma providência seja tomada.
Carnaval! Como é do conhecimento da Casa, eu entrei com
pedido – está protocolado desde sexta-feira – de criação de uma Comissão
Externa, para que tudo o que aconteceu neste carnaval seja esclarecido.
Esperamos que, na próxima terça-feira, conforme foi prometido pela Ver.ª Maria
Celeste, Presidenta da CECE, compareça a esta Casa, a Secretária de Cultura,
Margarete Moraes. E que, a partir daí, seja liberado esse pedido para que seja
esclarecido tudo o que aconteceu no carnaval, que os culpados sejam punidos e
não o povo, que paga seus ingressos com muito sacrifício e sempre é o maior
prejudicado. Esperamos que essa Comissão siga o seu caminho, para que tudo seja
esclarecido.
O terceiro assunto – e eu não poderia deixar de falar aqui –
é sobre os nossos salva-vidas, que trabalham durante todo o veraneio, aliviando
o sofrimento de tanta gente que está ali desfrutando do lazer da praia. O fato
que aconteceu na última terça-feira tem de ser registrado aqui, até como
reconhecimento e gratidão por essas pessoas que fazem esse belíssimo trabalho.
O soldado Rogério Denizar Severo Assunção não estava nas proximidades – estava
cerca de 400 metros longe – do local onde estavam se afogando três meninas, e a
irmã de uma delas, de 16 anos, entrou para salvá-las e acabou perdendo sua
vida. Que tristeza! Mas vejam o que diz o salva-vidas Rogério: “Por favor, meu
Deus, não me faz perder a vida desta sereia.” Infelizmente, ele não conseguiu
salvar a vida da jovem, como conseguiu salvar tantas outras vidas. Que
tristeza!
Fica aqui o reconhecimento a todo este grupo de pessoas da
nossa querida e gloriosa Brigada Militar, que, durante o veraneio, faz este
belíssimo trabalho, salvando vidas de milhares de pessoas, como é o caso do
Rudimar Oliveira, que salvou mais de duas mil vidas. Além de salvar, ele
aliviou o sofrimento desses familiares. Portanto, fica aqui o nosso
reconhecimento, o nosso carinho por estes profissionais que defendem a sua
profissão com tanto orgulho e com tanto amor à vida, amor ao próximo.
Para encerrar, vou dar uma notícia, e o Ver. Fernando Záchia
falou desta tribuna: cento e sessenta e quatro mil, oitocentas e noventa e duas
multas dos pardais. Ver.ª Sofia Cavedon: que receita para
os cofres públicos, cento e sessenta e quatro mil, oitocentas e noventa e duas
multas. É um número considerável, Sr. Presidente. Obrigado pela atenção de
todos.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): Lembramos-lhe,
Vereador, que o Presidente desta Casa é o Ver. José Fortunati. O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra, em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, comunico que, pelo tempo exíguo, não concederei
apartes.
Cansados do abandono a que estão relegados os moradores do
Bairro Jardim do Salso, eles organizaram o Fórum do Abandono, em contraposição
ao Fórum Social Mundial, em que o Poder Público gastou mais de 3 milhões de
reais. Aquele não gastou nada e situa-se a apenas 800 metros da sede do Fórum
Social Mundial que fica na PUC. Chamado pelo Coordenador do Fórum, Sr.
Francisco Tavares, que aqui está presente, estive lá para fotografar os
problemas do bairro, e aqui está uma pequena amostra dos problemas. As demandas
foram todas encaminhadas ao Sr. Prefeito Municipal, conforme cópia do protocolo
01008298.02.5, com todas as providências pedidas.
É um horror o problema do lixo; defronte a Escola Léa Rosa -
e peço aqui a observação da Comissão de Educação - há um verdadeiro lixão. O
Ver. Sebastião Melo já falou nesse assunto, providências foram pedidas, mas não
foram acatadas e aqui está: o problema continua e está cada vez mais grave. Na
Rua Graciliano Ramos há problemas de lixo; na Rua Aldo Sirângelo há problemas sérios
de lixo. O bairro está abandonado pelo DMLU.
O Poder Público fez uma casa de passagem, meritória, mas
deixou aquelas pessoas atiradas sem a mínima dignidade. Vejam as fotos aqui: é
lixo, é esgoto a céu aberto, águas paradas, perigo de dengue. Cadê os
quatrocentos funcionários da Secretaria Estadual, contratados para combater a
dengue que não aparecem lá no bairro? São quatrocentos funcionários, e não
aparecem no Jardim do Salso. É um crime contra a dignidade humana! Estão aqui
as provas. Os alagamentos são constantes; chove e alaga o bairro, porque
bocas-de-lobo estão entupidas, assoreadas, cobertas de lixo. Os arroios Mem de
Sá e São Benedito, Ver. João Bosco Vaz, estão entulhados de lixo e assoreados.
Nada é feito e aí os alagamentos acontecem. A população, Ver. Dr. Goulart, de
ratos, baratas e mosquitos é incalculável. Realmente é um crime contra a saúde
pública, as fotos estão aqui e não mentem.
A insegurança e a droga é uma constante no bairro, foi lá
que foi morta aquela policial, dentro de um ônibus. Esperamos que o plano de
segurança municipal seja aplicado, que a droga seja combatida. Mas não, graça o
abandono do bairro a 800 metros da PUC, sede do 2.º Fórum Social Mundial. O
Poder Municipal abandonou o bairro. Esperamos, Sr. Francisco Tavares, e a
população de Porto Alegre, que o Prefeito disponha de uma hora na sua agenda
para atender aos problemas de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
(05 oradores/05
minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC. 3880/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
260/01, de
autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Feira de Artesanato e Artes
Plásticas do Parque Saint-Hilaire, no Município de Porto Alegre, e dá outras
providências.
PROC. 4652/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
038/01, que
cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, e
dá outras providências.
PROC. 0327/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
014/02, de
autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Praça Nina Rosa Calegari um
logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Rio Branco.
PROC. 0065/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
005/02, de
autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre ao Senhor Eliseu Gomes Torres.
PROC. 0295/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
013/02, de
autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Rua Pedro Augusto Felden um
logradouro não-cadastrado, localizado na Estrada Costa Gama.
PROC. 0145/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
007/02, de
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Gabriel Franco da Luz um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 0200/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
010/02, de
autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Walther Schneider um
logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga.
PROC. 4567/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
037/01, que
autoriza a permuta de dois terrenos de propriedade da Empresa Sudeste
Transportes Coletivos Ltda. por área de propriedade do Município e dá outras
providências.
PROC. 4595/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
297/01, de
autoria do Ver. Valdir Caetano, que regulamenta a instalação de controladores
eletrônicos de velocidade no Município de Porto Alegre.
3ª SESSÃO
PROC. 4493/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
292/01, de
autoria do Ver. Ervino Besson, que institui o Dia do Panificador no Município
de Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou me repetir: lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada.
Mas, em 1830, cento e setenta e dois anos atrás, o Governador da Província
dizia: “Chega de leis, as que têm são necessárias e suficientes, basta
cumpri-las. E lei” – dizia ele – “deve ser fruto da razão, da experiência e da
luz”.
O primeiro projeto em Pauta é do nobre Ver. Aldacir Oliboni.
Deseja ele instituir a feira de artesanato, de artes plásticas, no Parque
Saint’Hilaire. E traz, inclusive, um belíssimo prospecto feito pela
Administração da Prefeitura, mostrando as belezas do parque, que foi comprado
para a Cidade pelo grande Prefeito José Loureiro da Silva.
A Procuradoria da Casa informa que não cabe ao Vereador
fazer esse tipo de lei. Não tem no processo nada dizendo que a coletividade
deseja fazer isso, até porque não há necessidade da lei. Basta uma decisão do
Secretário Municipal da Indústria e Comércio, vai o Prefeito, fazem um Ato e se
instala, como se instalou o Brique da Redenção. Depois, querem fazer leis e
leis complicam a vida de todos. Por isso que eu disse que a razão, a
experiência e a luz devem estar presentes nas leis. E nós fazemos leis e mais
leis. Mas, quando o experiente Ver. Pedro Américo Leal apresentou aqui um
Projeto de Lei propondo que os caixas eletrônicas dos bancos fossem
interrompidos no seu funcionamento das 22h às 6h, esta Casa não votou o
Projeto. Não votou o Projeto, mas, hoje, os bancos, a segurança e o Ministério
da Justiça chegaram à conclusão de que, das 22h às 6h, os caixas se manterão
fechados para evitar os crimes que aí ocorrem. Então, é razão, experiência e
luz. Mas o Projeto do Ver. Pedro Américo Leal - que é um homem que conhece
segurança - não foi votado nesta Casa.
O Executivo Municipal - e aí o Ver. João Bosco Vaz vai ficar
contente -, está mandando um projeto de lei criando cargos de Técnico de
Enfermagem e Enfermeiros, para prover às necessidades do Hospital Presidente
Vargas, que passou à responsabilidade do Município. Razão, experiência e luz.
Eu acho que ele tinha que parar de fazer as cartas-contratos, mas isso não
impede que eu não esteja com um documento preparado para ir ao Ministério
Público, em razão das cartas-contratos feitas no passado. Tudo já está
documentado e pronto. Vamos levar, como levamos o outro. Mas, razão,
experiência e luz, o Executivo não mandou, de acordo com o que determina a Lei
de Responsabilidade Fiscal, que o Diretor do DMAE quer aumentar a tarifa da
água em cima dela, não mandou, o que representa de gastos, e isso tem que ser
mandado. E, várias vezes, no ano passado, eu disse que é necessário que se
encaminhe à Casa, não um simples projeto de duas páginas criando cargos.
Expliquem melhor quanto vai custar, de onde virão os recursos. Parece que a
Prefeitura não tem experiência nenhuma, não tem luz nenhuma, não tem respeito
nenhum pela Casa do Povo. Será que mais uma vez eu tenho de dizer que não será
dado tramitação, enquanto não aparecer aqui o custo disso. É importante o Projeto,
porque eles vão parar de fazer carta-contrato, mas o passado não me dá essa
segurança. Depois de aprovarmos aqui oitocentos e quatorze cargos, eles
continuaram fazendo cartas-contratos.
O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª foi uma das
pessoas que mais bateu no Governo em relação às cartas-contrato. Os quarenta e
três cargos que o Executivo propõe que sejam criados no HPV resolvem o problema
das cartas-contrato, que V. Ex.ª reivindicou na gestão passada. O demais cargos
que envolvem, como a FUGAST, estão vindo em um outro projeto para resolver o
problema do HPV. Não só para resolver o problema do corpo funcional, como
também para atender às necessidades de Porto Alegre. Portanto, é de suma
importância essa relação dos quarenta e três cargos que estão sendo votados
aqui.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sou muito grato ao
aparte de V. Ex.ª. V. Ex.ª poupa-me de apenas dizer o que eu iria dizer: não
chega a esse número de cargos, é muito mais. Mas vamos fazer com razão,
experiência e luz. Mandem os dados necessários para que a Câmara discuta o
problema. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. João Antonio Dib acaba de fazer algumas cobranças, e quero
adiantar que todos nós sabemos exatamente o que ganha um Técnico e sabemos dos
níveis salariais da Prefeitura. Então, não estamos criando algo diferente do
que já existe. Acredito que não haja problema algum em aportarmos ao projeto
exatamente os valores; farei essa solicitação e vou-lhe entregar o quanto antes
possível. Solicitarei à Diretoria Legislativa acrescentar esses dados ao
Projeto. De onde virão os recursos? Ora, neste ano, vamos discutir aqui o
Orçamento da Prefeitura, mas não apenas os gastos, também a arrecadação, porque
queremos discutir, sim, já que há um setor minoritário na Cidade de Porto
Alegre que não paga tributos. Como no resto do Brasil, temos os sonegadores de
carteirinha, mas teriam de ter uma carteirinha daquele presídio que há ali no
Partenon. Deveriam estar na cadeia, porque na cadeia, inclusive, há pessoas que
poderiam estar fora de lá, recuperando-se e já trabalhando – e aqui não estou
defendendo qualquer pessoa que tenha cometido qualquer tipo de ilícito. Todos
conhecem a minha posição na luta contra as ilegalidades. Mas, neste País, esse
prende e solta de “colarinho branco” é uma vergonha. Ainda bem que, ontem, um
douto homem aposentado do Ministério Público veio às páginas dos jornais, com
coragem, dizer que há, sim, aqueles que sonegam, aqueles que contrabandeiam,
aqueles que fazem falcatruas. Esses têm que ser algemados! Aqui em Porto Alegre,
tínhamos de algemar alguns que não pagam os tributos, enquanto precisamos
discutir como vamos resolver o problema de quarenta e três cargos, sim, que são
necessários para Porto Alegre. Li nos jornais desta semana, ouvi nas rádios as
reclamações, inclusive, de falta de medicamentos e, às vezes, de falta de
pessoal, porque agora temos um grande contingente de pessoas em férias. Sobre
aquilo que se reclamava no ano passado, das cartas-contrato, eis aqui o Projeto
que cria quarenta e três cargos. E nós temos de criar outros tantos, como disse
o Ver. Aldacir Oliboni, para resolver efetivamente o problema do HPV, para
criar um hospital público que tenha eficiência e que responda às demandas, não
só da Capital, pois sabemos que vem gente de todos os quadrantes do Estado e de
fora, inclusive do MERCOSUL, porque, em Porto Alegre, nós temos grande
qualificação na área da saúde pública.
Portanto, Ver. João Antonio Dib, que participa conosco da
Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, e da proposição que eu apresentarei,
na terça-feira, na Comissão, nós vamos debater este ano, sim, a questão do
motivo pelo qual Porto Alegre, nos últimos três anos, não conseguiu aumentar a
arrecadação do ISS. Porque está sendo feita uma campanha nacional, e os
senhores e senhoras, provavelmente, como eu, receberam dois e-mail, nesta semana, de bandidos que
fazem falcatruas, que montam falsas cooperativas para fugir da arrecadação.
Pois eu estou com uma pasta recheada desse material. E, aqui em Porto alegre,
essas pessoas - não falo que são cidadãos; não são cidadãos, porque cidadão
cumpre dever e reivindica direitos - vão pagar imposto também, porque aí
poderemos atender à saúde, poderemos atender à demanda dos alagamentos, vamos
responder às questões do 4.º Distrito. Agora, nós vamos discutir, vamos fazer
as Comissões funcionarem, não só como quer o Ver. Sebastião Melo - e eu
concordei com o Vereador que fizéssemos a reunião com o DMAE hoje, concordei
com o Ver. João Antonio Dib -, mas eu quero ver se haverá a mesma generosidade,
a mesma grandeza para discutir a questão da arrecadação, os sonegadores e
aqueles que estão hoje fazendo com que nós tenhamos falta de dinheiro na
Prefeitura. Os honestos, os bons pagam, como a imprensa noticiou sobre a
quantidade de pessoas que já pagou o IPTU em Porto Alegre, que é muito mais
barato do que em Curitiba, muito mais barato do que em Florianópolis e muito
mais barato do que em todas as praias do litoral gaúcho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, no primeiro dia de Pauta, na 3.ª Sessão deste 2.º
ano de legislatura, nós temos inúmeros projetos, a maior parte deles relativos
à designação de logradouros, dos quais eu não tiro a importância, porque
objetivam tornar mais clara para os cidadãos a possibilidade de identificação
de logradouros, trazendo melhorias para todos os munícipes de nossa Cidade.
Sobre a Pauta, Ver. João Antonio Dib, eu quero fazer algumas
considerações. Eu, particularmente, não dava muita atenção para esse período da
Sessão, achava-o inclusive um pouco enfadonho, mas já, nos últimos anos da
última Legislatura, mudei de posição: penso que é importante que as proposições
feitas pelos Srs. Vereadores tenham a possibilidade, em um momento não
conclusivo, de uma apreciação perfunctória, profunda, para que não venhamos a
cometer bobagens, como, aliás, foi o caso da CPI do DEMHAB de criar a
possibilidade de anulação, de suspensão dos trabalhos.
Eu quero
trazer à colação uma idéia que não tenho ainda elaborada, Ver. João Dib, mas
que possibilitaria a esta Casa evitar alguns constrangimentos para todos nós,
que é a possibilidade de que as moções, por um dia, passem pelo período de
Pauta, desde que não tratem, evidentemente, de uma matéria absolutamente
urgente. Isso, Ver. João Antonio Dib, nos tiraria de algumas dificuldades no
sentido de, de uma hora para outra, termos de apreciar uma matéria, às vezes, de
grande significação política pelo emblema que carrega, e não termos a
oportunidade sequer de tomarmos ciência do processo. Mas essa é uma coisa que
eu ainda estou elaborando e não tenho sobre isso uma posição conclusiva.
De todas as proposições em Pauta há uma que se destaca pela
sua importância, Vereador, meu colega, Dr. Carlos Alberto Garcia, que inclusive
foi o grande destaque na partida de futebol do dia de ontem, que é a que trata
do HPV. A lógica hoje é a retirada de recursos da área social - essa lógica de
que falo é a de um mundo globalizado e conectado com a ideologia neoliberal -
para a assistência das nossas populações na área social e para colocação para
pagamento de juros e interesses privados. O Ver. João Antonio Dib conhece bem
essa matéria. A questão do HPV estendeu-se, nesta Cidade, em uma discussão
interminável por longos anos. Havia um contrato realizado em forma de convênio,
que era renovado, semestralmente, entre o Estado e o Ministério da Saúde. O
Município, indo na contramão da ideologia neoliberal, resolveu que esse
Hospital Materno-Infantil era importante para a Cidade, para o atendimento da
saúde da nossa população e que ele, sim, tinha que ficar na estrutura do
Estado, Estado lato sensu, estou-me
referindo ao Município. Hoje esse Hospital funciona com o trabalho de
funcionários do Ministério da Saúde e de funcionários ligados a FUGAST, o que é
um absurdo, pois são pessoas que ingressaram no serviço público sem qualquer
concurso, mas afinal de contas são trabalhadores que hoje lá se encontram.
Estende-se uma grande polêmica sobre se eles tem o direito de permanecerem ou
não na nova instituição. O que se está aqui propondo é a criação de em torno de
quatro dezenas de cargos, principalmente Técnicos em Enfermagem, para que esse
Hospital, agora pertencendo à estrutura do Município, um Hospital reconhecido
pela capacitação técnica dos seus servidores, possa melhorar ainda mais o
atendimento nessa área específica da saúde de nossa Cidade, e que, com esses
novos cargos, possa ter um funcionamento orgânico, agora fazendo parte da
estrutura do Município de Porto Alegre.
Eu tenho certeza de que esta matéria será votada com
urgência; possivelmente esta urgência venha da parte do próprio Ver. Dr.
Goulart, pois é da área específica materno-infantil, e fará com que esta
discussão se processe de forma célere, possa assim ser logo votada, e a Cidade,
dotada dessa estrutura.
Por último, Ver. Goulart, já que citado por V. Ex.ª, quero
dizer que estou marcando com o Prefeito Municipal, vou pedir uma audiência para
que juntos possamos analisar o seu veto à questão do atendimento de pacientes
em risco de vida por médicos socorristas. Não me estou aqui comprometendo, não
sou sequer o Líder da Bancada, mas entendo que a matéria merece uma
reapreciação por parte do Poder Executivo, porque ela é meritória e porque vai
ao encontro dos interesses maiores da nossa população. Este é o meu
compromisso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): A
Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver.
Carlos Alberto Garcia, prezados Vereadores, Vereadoras, para nossa alegria
entra em Pauta um projeto do Governo Municipal que cria cargos na área da
saúde. O belo presente que Porto Alegre deu para a Cidade foi a aquisição do
Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas. Enquanto a história da saúde no
Brasil é uma história de descaso, é uma história de vermos doenças erradicadas
voltando, de estarmos vivendo a epidemia do dengue. Com certeza ninguém vai
negar que isso é resultado, sim, da aglomeração nos centros urbanos, do grande
número de moradias sem infra-estrutura, sem saneamento básico, da nossa
incapacidade de enfrentar problemas básicos de água limpa, de esgoto tratado neste
País, da nossa incapacidade de termos um sistema de saúde preventivo,
orientador. Ao vivermos isso neste País, ao assistirmos à prorrogação da CPMF,
que foi criada, que tinha a intenção de investir em saúde - e sabemos que isso
não aconteceu -, nós podermos, em Porto Alegre, comemorar um hospital, há seis
meses da Prefeitura, um hospital que se está propondo a reativar oito leitos de
UTI neonatal e cinco leitos de UTI pediátrica, um hospital voltado para a
criança, para a infância, é uma alegria. E acho que esta Câmara terá muita
responsabilidade, muita conseqüência e a rapidez necessária para aprovar os
cargos.
Eu queria dizer para o Ver. João Antonio Dib que nós não
vamos sair dos contratos emergenciais. Na educação, nos cargos de professor nós
temos uma flexibilidade interessante que é usar os regimes. Os professores têm
20 horas, e, a qualquer momento, o Governo pode estender sua carga horária para
40 horas, para atender a necessidades temporárias, como seis meses de
licença-gestante, uma exoneração imprevista, LTI, licença-prêmio. Na educação,
nós temos a flexibilidade para conceder mais horas, para ter um profissional
com mais tempo. Na saúde não há essa possibilidade. Então, é, sim, necessário
usar a carta-contrato, o contrato temporário. Nós não podemos suspender
atendimentos, deixar de atender necessidades imediatas porque temos apenas de
contratar. Então, nós vamos sempre conviver com o contrato temporário e com as
nomeações. Agora, o Governo Municipal tem nomeado sistematicamente. Enquanto
que a regra geral é a demissão voluntária, é a diminuição do quadro de pessoal,
é a Lei da Responsabilidade Fiscal reprimindo, comprimindo a capacidade de o
serviço público ampliar seu atendimento, que depende basicamente de pessoal,
nós, Governo Municipal de Porto Alegre e Governo Estadual, enfrentando toda a
sua crise orçamentária, continuamos sistematicamente nomeando para qualificar o
atendimento na educação, na saúde e nas políticas sociais e de segurança
pública. Ao mesmo tempo suprimos necessidades temporárias com contratos. É
importante nós comemorarmos isso e termos a consciência de que o Rio Grande do
Sul não se furta às políticas públicas; pelo contrário, constrói, cada vez
mais, políticas que alcancem à população condições de dignidade.
Gostaria de comentar o Projeto de Lei de autoria
do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Feira de Artesanato no Parque
Saint’Hilaire. Eu não entro no mérito legal - se é competência ou não do
Vereador criar feiras -; queria apenas ponderar algumas questões. O Parque Saint’Hilaire
é mais um parque, um espaço belíssimo de lazer em contato com a natureza, e
essa característica deve ser mantida. A organização de feiras deve respeitar,
na minha opinião, a organização, a cultura local, as necessidades da comunidade
do entorno do parque, privilegiando o seu debate sobre as suas necessidades.
Existe uma experiência muito nova, uma conquista nova no Parque, Ver. Aldacir
Oliboni, que é o espaço para os índios Caingangues, que produzem artesanato,
utilizando o cipó, o material do Parque, vendendo-os aqui na Redenção. Não sei
se não é o caso de organizarmos um debate com eles para que eles possam vender
o produto do seu trabalho lá, valorizando esse trabalho e a conquista do Parque
Saint’Hilaire e de os índios poderem, em um habitat próximo ao que é a sua
origem, fazer o trabalho que eles têm como sua história e sua cultura.
Acho que as feiras devem abrir espaços para programas já
existentes na Cidade. A Cidade já investe na organização de cooperativas, na
auto-organização das pessoas para produzir; investe, também, no trabalho
educativo, no trabalho para os jovens. Então, o espaço das feiras tem que ser
um espaço para essas pessoas exporem seus trabalhos. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL:
Sr.
Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, quero informar que
concederei aparte se me for pedido. Hoje discutimos, em 1ª Sessão, o Projeto de
Lei de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Feira de Artesanato e
Artes Plásticas no Parque Saint’Hilaire. Em princípio sou favorável a essas
feiras, em virtude da grande dificuldade de emprego e renda que acontece no
Município. É mais uma oportunidade muito grande para que os artesãos
comercializem a sua produção, gerem renda e gerem arte. Eu me preocupo, Ver.
Aldacir Oliboni, porque há uns três ou quatro anos desejei ampliar o Brique da
Redenção para a Rua José Bonifácio e a Administração do Município, do seu
Governo, foi absolutamente contra. Eu fiquei muito preocupado, muito sentido,
porque foram contra a geração de renda e emprego, justamente no Brique da
Redenção, que é um referencial de Porto Alegre.
O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. João Carlos Nedel. É importante
dar aqui um retorno sobre o Brique da José Bonifácio aos sábados: está
tramitando, aqui na Casa, um projeto de regulamentação dessa feira. Já o de
domingo, há muito tempo está regulamentado. É importante dizer a V. Ex.ª que
esse ainda não saiu, porque a comunidade está discutindo com o Conselho do
Parque a possibilidade de manutenção daquela feira ali. Eu tenho, aqui, o
Parecer e o indicativo de que, de fato, vai-se consolidar de uma vez por todas
e deverá ser neste ano.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL:
Muito
obrigado, Vereador.
O outro Projeto é de autoria do Ver. Valdir Caetano que
regulamenta a instalação dos controles eletrônicos de velocidade no Município
de Porto Alegre. Ele simplesmente acaba com os pardais e institui que esse controle de velocidade seja feito
exclusivamente por lombadas eletrônicas; acaba com o pardal faturador.
Eu me preocupo com a legalidade do Projeto - e o Ver. Juarez Pinheiro já me faz sinal - e gostaria de ouvir o depoimento do Ver. Fernando Záchia, que é um entendido no assunto.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, que neste momento
concede os apartes, nos informou isso no início da sua intervenção, o que é
elogiável. Eu queria perguntar se, além da preocupação mencionada, V. Ex.ª não
se preocupa também com as vidas que possam vir a ser ceifadas com a retirada
dos pardais.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL:
Preocupo-me
muito com a vida, muito, mesmo, desde o seu nascedouro.
O Sr. Fernando Záchia: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Até ajudando V. Ex.ª na posição do Ver.
Juarez Pinheiro, acho importante esta discussão, desde que comprovadamente
esses pardais levassem a uma redução
nos índices de acidentes, nos locais de acidentes. Não podemos analisar a
globalidade da Cidade e analisar a redução de acidentes numa avenida que não
tem pardal e responsabilizar essa
queda pela existência de um pardal a
10 quilômetros. Isso tem sido feito em Porto Alegre. Nós temos que fazer uma
avaliação - e isso o meu gabinete está fazendo, local por local, da existência
dos pardais, cinco anos antes da
instalação dos pardais e depois da
sua instalação - da efetiva redução, que não houve. Esses dados vou apresentar
mais adiante a V. Ex.ª.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Vereador. Eu
gostaria de ouvir o Dr. Goulart sobre o Projeto, sobre a saúde.
O Sr. Dr. Goulart: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) O próximo Projeto fala sobre a criação de
cargos no Hospital Presidente Vargas. O Presidente Vargas começa a se refazer
de um mau momento, e eu acho que é necessária a criação desses cargos, ela é
fundamental para que ele possa sustentar o seu trabalho. Inclusive vou pedir
para o colega que é sempre preocupado com a saúde, que me ajude a pedir
urgência para a criação desses cargos, porque estaremos ajudando a saúde
pública de Porto Alegre e portanto a do Rio Grande do Sul. É urgente isso aí.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado Vereador,
e já encerro Sr. Presidente. Vejam senhoras e senhores que já existem na Pauta
Projetos importantes que serão debatidos na nossa Câmara em benefício de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia):
Concluído o período de Pauta.
O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação
de Líder.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, o Ver. João Carlos Nedel mostrou aqui fotos sobre o abandono
da Cidade. Num momento destes em que o Prefeito está envolvido em debates para
ser candidato a Governador, com as prévias do PT, parece-me que ele abandonou a
Cidade, não quer mais debater sobre nada da Cidade. Nós tivemos, recentemente,
o aumento da passagem de ônibus, em torno de quinze e pouco por cento; agora o
aumento da taxa de água em 18%.
Já no Congresso Nacional, e o Senado vetou, há um movimento
dos Prefeitos do Estado para a cobrança da taxa de iluminação pública. Está
fácil administrar, é só aumentar os impostos, as tarifas, as taxas dos
contribuintes, e toca-se em frente a Administração.
Sobre o problema da segurança, há comentários de que vão
diminuir o número de delegacias. Já estava diminuindo; eu participei de várias
reuniões, inclusive na Zona Sul, onde as delegacias não fechavam, mas havia
aquela enganação para a população: “Não, fica só um lá, os outros foram para a
rua fiscalizar”, aquele negócio; portanto, já havia fechamento. Cadê o
antropólogo Luís Eduardo Soares? Não ouvi mais falar dos seus projetos sobre a
segurança de Porto Alegre. Cadê as câmeras que iriam ser instaladas no Centro
da Cidade para dar tranqüilidade e segurança para a nossa população? Também não
ouvi mais falar. A ATP está colocando as câmeras, está amenizando a situação. A
ATP pode colocar nos seus ônibus, para os seus contribuintes, para os usuários
dos ônibus, e a Prefeitura não pode, alega que é caro colocar no Centro da
Cidade para dar tranqüilidade à população. Eu fico perplexo. O nosso Prefeito,
em um ano e pouco, já está pensando em ser Governador do Estado, quando só
consegue administrar na base de aumento, de tarifaço, aumento forte em cima da
população. Agora recebemos na Câmara, sobre a Previdência Municipal - PREVIMPA
-, dia 18 de fevereiro de 2002, desobedecendo o disposto no art. 10 do § 11 da
Lei n.º 466; ele encaminhou a esta Câmara sobre a Lei referente à PREVIMPA. Eu
fiquei preocupado, porque a análise é superficial, do proposto. Há um
desrespeito ao constante na Lei n.º 466, que nos leva a refletir sobre a
conveniência da manutenção da referida Lei, eis que o atual Governo Municipal
só aceita o que lhe convém. A PREVIMPA é uma pseudo-autarquia, com vinculação a
uma Secretaria sem representação judicial própria, sem autonomia
administrativa, com um conselho de administração fugindo aos princípios
estabelecidos no art. 48, § 2º da Lei Orgânica, com o que não concordamos.
Quer dizer, não há a seqüência daquele belíssimo Projeto que
fizemos, aqui, em conjunto com todos os Vereadores, até com a Bancada do PT.
Isso está na gaveta, não sai do papel. Como diz sempre o Ver. João Antonio Dib,
“não adiantam leis”; nós só criamos leis e mais leis e mais leis, uma
sobrepondo-se à outra. Portanto, estamos aproveitando a oportunidade, dizendo
que o Prefeito tem de... Eu não vejo uma forte mobilização. Estamos sugerindo,
pelos líderes de oposição, que façamos uma comissão integrada aqui, com
representantes de cada liderança, com um prazo determinado, para que possamos
dar andamento e cobrar mais do Executivo. Então, a nossa Cidade está abandonada!
O Prefeito está preocupado com a eleição para o Governo do Estado, as leis não
são cumpridas, e essa PREVIMPA parece que está mais para o Executivo e ali,
conforme a sua Secretaria, conforme esse aspecto, agrade o Executivo e não à
categoria em geral.
Portanto, Sr. Presidente, quero dizer que a Casa está
preocupada com o abandono da Cidade, e o Prefeito, preocupado com outros
assuntos não-referentes à nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum): O
Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sr.as Vereadoras, os fatos vêm-se sucedendo. Na semana
passada, foram as passagens. A inflação está em torno de 10%, se tanto; as
passagens chegaram a quase 16% de aumento. O povo, os assalariados, os
professores, os funcionários, todos nós, ninguém foi aumentado. E as tarifas
públicas vêm sendo aumentadas, por um Governo sedizente popular e defensor dos
excluídos. Mas quem paga mais passagem do que os excluídos? Até para buscar
emprego. E fiquei surpreso com aquele Conselho, na questão das passagens, em
que, dos vinte e um, ou vinte e três - não sei exatamente - componentes
compareceram quatorze, foi dez a quatro, se não me equivoco, e não compareceu à
associação que defende o consumidor. Que associação defende o consumidor? Quer
mais consumidor do que o passageiro? Não comparece, estava nas praias, tomando
sol, em Capão da Canoa, certamente. Isso é um absurdo, é uma irresponsabilidade
daqueles que decidem. Quando foi feito esse conselho eu disse: não é um
conselho, é uma assembléia geral. Um conselho tem que ter sete, nove no máximo,
e não vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, vinte e um componentes.
Hoje, é o DMAE. E, outra situação: deu empate no conselho e
aí, claro, o Sr. Diretor do DMAE desempatou. A favor dos consumidores? A favor
dos que pagam a água? Água é saúde. Quem é que não gasta água? Atinge os mais
humildes. Para que lado ele desempatou? A favor dos 18%. Contando de janeiro de
2001 até agora são 30% de aumento de água.
Votei favorável, no passado, a que as passagens não
passassem mais por aqui, porque realmente havia um tensionamento com o
Sindicato, a questão do comércio, a questão dos passageiros. Quando o Ver. Dib
era Prefeito, lembro que o ex-Vereador Valneri Antunes colocava o alto-falante
todos os dias nos ouvidos do Prefeito Dib, dizendo que era ele o culpado.
Enfim, havia esses tensionamentos, e quando saiu daqui teve o meu voto
favorável para que não passasse mais pela Câmara. O Ver. Sebastião Melo quer
retornar. Até, em princípio, sou contra. Mas, agora, com o DMAE, também não
passando pela Câmara, e, ontem, as ligações que recebi, a imprensa hoje, e com
a repercussão pública, eu já estou admitindo que tem que passar por aqui,
porque duvido que estes 18%, se passassem por esta Câmara, fossem aprovados.
Duvido e pago para ver. Até não por nós, mas porque aqui estaria o povo, e
todos os segmentos da população cairiam em cima desta Câmara, por tamanho
absurdo. Mas, se a inflação não aumentou mais do que 10%, como é que aumentam a
água em 18%? De janeiro de 2001 até agora são 30%.
Então, estou começando a admitir. Quero uma foto do Sr.
Tarso Genro, segunda-feira, para ver a sua tranqüilidade, como postulante do
Palácio, disputando eleição, se não vai tremer a mão ao assinar este decreto de
aumento da água em 18%. Gostaria de estar presente lá. Gostaria do dom da
ambigüidade, ou do espiritismo, para que o meu espírito fosse lá e assistisse,
na intimidade, à assinatura deste decreto, segunda-feira, pelo Sr. Tarso Genro
para este aumento da água. Porque não é possível, o PT, o Partido dos
Trabalhadores...
Hoje o ilustre Paulo Sant’Anna, ex-Vereador, inteligência
privilegiada deste Estado, com quem concordamos e discordamos, pois todo mundo
tem erros e todo mundo tem opinião, mas com a opinião dele, hoje, fui obrigado
a rir e a concordar internamente com o término de seu artigo na Zero Hora, dizendo que o PT poderia, em
vez de Partido dos Trabalhadores, chamar-se partido tributarista, porque votou
no Congresso Nacional a favor da prorrogação da CPMF. De olho em que o Sr. Lula
vai ser Presidente, nos 18 bilhões que foram arrecadados no ano passado, e nos
20 bilhões previstos para este ano. O mundo fica perplexo em ver que no Brasil
tem uma contribuição, ironicamente chamada de provisória, e que há quase 15
anos é provisória e agora foi prorrogada, tendo começado com 0,20% e está em
0,38%, e que todo mundo paga. O valor arrecadado era para a saúde, mas não foi
para a saúde coisa nenhuma.
Mas o olho grande do PT não está só nas questões
tributárias, na CPMF, está também em unir-se ao Bispo Edir Macedo, a qualquer
preço, ou seja, agora ao Partido já não interessa ser esquerda ou centro; o que
interessa é ganhar a eleição. Então: “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
Não há mais partidos que possam acusar um ao outro de ser o excepcional, o dono
da verdade, o único que cuida do interesse público, o único que tem uma ética e
uma moral irretorquível, e o único que cuida, só ele, dos trabalhadores. Tanto
que se chama, ironicamente, de Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum):
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, vários assuntos me preocupam e certamente nem
todos vamos conseguir abordar nesta fala que é curta, na Liderança do PSDB.
Quero tocar, sobretudo, naquela que é a mais preocupante e, ao mesmo tempo, a
mais controvertida nos dias de hoje, que é o aumento da tarifa do DMAE, do
Departamento Municipal de Água e Esgoto. Para que não se fique no “achismo”,
fiz todo um levantamento, Ver. João Antonio Dib, da legislação disponível.
Começo, obviamente, por aquela Lei n.º 170/87, exatamente uma lei votada nesta
Casa ao final da administração Alceu Collares, quando se instituiu um novo
cálculo de tarifa do DMAE, do qual tive a honra de ser o autor da proposta
junto ao Dr. Petersen, na época Diretor do DMAE.
Na Lei n.º 170/87, se coloca muito claramente no art. 36: ”A
tarifa mensal de água será calculada através de preços básicos por metro
cúbico, por categoria de consumidor, fixados por decreto mediante proposta
aprovada pelo Conselho Deliberativo do DMAE.” A redação é clara: há uma
proposta de tarifa mensal, proposta apresentada ao Conselho Deliberativo e
ponto final, não temos mais nada.
Há depois a Lei Complementar n.º 180 que modifica a redação
do mesmo art. 36 e onde há uma troca substancial. “A tarifa mensal de água será
calculada através de preços básicos por metro cúbico, por categoria de
consumidor fixados mediante proposta aprovada pelo Conselho Deliberativo do
DMAE.” Nesse sentido, não fala mais na fixação por decreto. Diz apenas que será
fixada a partir da aprovação de uma proposta da Direção do DMAE ao Conselho.
Mas sumiu a figura do decreto. Aqui um primeiro dado jurídico que me preocupa,
Ver. Sebastião Melo. No direito público só se faz o que está autorizado. Quando
na Lei n.º 170 se dizia que vai ser fixado por decreto, não tem o que discutir,
é por decreto e ponto final, goste ou não esta Casa que votou a Lei e votou,
talvez, contra si; mas na Lei n.º 180 sumiu o decreto, pressupõe-se, no meu
entendimento, porque não sou especializado na área do Direto, mas depois de
vinte anos se ganha alguma prática, pressupõe-se que se não menciona mais,
especificamente o decreto e quero dizer aos senhores que a expressão “por
decreto” foi vetada pelo já então Prefeito Olívio Dutra, pressupõe-se que passa
a ser por lei, porque o modo geral de administrar é mediante lei.
Mas o mais interessante, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
encontra-se na Lei Complementar n.º 250, de 11 de julho de 1991, também
assinada pelo Sr. Prefeito Olívio Dutra, e no art. 36, § 4º, diz: “A fixação do
preço básico terá como parâmetro para o seu reajustamento o Índice Geral de
Preços de Mercado – IGPM, da Fundação Getúlio Vargas, aplicado mensalmente aos
valores vigentes a partir desta Lei.”
Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, está claro como
se faz a correção da tarifa: se faz o cálculo e se corrige pelo IGPM, nada mais
do que isso. O chamado “tarifaço” proposto pelo DMAE, obviamente, não vem do
IGPM, salvo prova em contrário, que o Sr. Diretor do DMAE terá de fazer na
Comissão de Finanças, e já convidou S. S.ª para depor. E eu quero sugerir, Ver.
Sebastião Melo, desde logo, que seja amplamente comunicada à Casa, com
antecedência, logo que ficar marcada a data, porque eu, particularmente, faço
questão de assistir à reunião. Já é hoje à tarde? Então, ótimo, melhor ainda,
estarei aqui presente.
Em segundo lugar, entendo – e quero deixar bem clara a
posição – que a redação deste parágrafo abre uma celeuma jurídica da qual a
Casa não pode se omitir em hipótese alguma. No meu entendimento ao ir além do IGPM,
salvo prova em contrário, o DMAE se obriga, sim, a enviar um projeto de lei a
esta Casa. Este é o meu entendimento, respeitosamente. Vou frisar: não sou
advogado, mas, em vinte anos de Casa, aprendemos a ler leis. E como dizia o
Ver. Brochado da Rocha: “A gente aprende a ler, sobretudo, os apostos e os
parágrafos”. E este é um parágrafo que me esclarece muito sobre legislação.
Portanto, tenho curiosidade de ouvir o Sr. Diretor do DMAE.
E, por fim, Sr. Presidente, quero voltar na próxima Sessão a
falar da devolução de dinheiro do Estado e da Prefeitura na área da saúde. Do
Estado eu já havia denunciado aqui, com base nos dados do Deputado Marchezan;
da Prefeitura é uma novidade, já estamos fazendo contato com o Ministério da
Saúde. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum): O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ao longo desse um ano de mandato, muitas vezes, os senhores ouviram
o que eu vou dizer. O que justifica uma caminhada política não são os
discursos, são suas práticas. Palavras sem atos são que nem tiros sem balas:
estouram mas não ferem. Eu respeito muito o Partido dos Trabalhadores, que vi
nascer no ABC Paulista, na luta sindical, na luta popular. Era um partido que,
ao longo da sua história, quando era oposição, combatia os tarifaços, os
aumentos de impostos exagerados. Mas como diz o ditado popular: "Governo é
governo em qualquer lugar do mundo." De esquerda, de direita de centro, de
centro-esquerda. Tem razão o Paulo Sant'Anna, Ver. Nereu D'Avila: O PT é um
partido fiscalista e conservador.
Ver. Antonio Hohlfeldt, esse aumento é abusivo, escandaloso,
inaceitável e selvagem. E por que ele é tudo isso? Porque eu quero perguntar ao
Líder do Governo qual foi a categoria desta Cidade, começando pelos servidores
municipais, passando pelos servidores federais e voltando à iniciativa privada,
que teve uma reposição salarial que ultrapassou 10%? O DMAE, mensalmente, tem
atualizado as tarifas. O Diário Oficial do dia 15 de fevereiro é o último
decreto da última atualização tarifária que ele tem feito, mensalmente, pelos
índices do IGPM. Se eu pegar o IGPM e somar o “tarifaço”, através do AI-13, que
é por decreto, nós tínhamos o AI-5 lá no Planalto, agora nós temos ao AI-13,
que o Partido do Governo, que governa por decreto. O AI-13, se eu botar 20%,
somando-se com 10, são 30%. Estou dizendo 30%, Ver. Nereu D'Avila, para o
trabalhador lá da vila, do Bairro Cristal, do Campo da Tuca, da Restinga Velha,
que já estão com dezenas e centenas de águas cortadas por falta de condições
financeiras. Esse aumento é inaceitável, é injusto e é selvagem. Mas ele é mais
do que isso, Srs. Vereadores, Ver. João Antonio Dib, ele é ilegal, porque a Lei
de 1987 é anterior à Constituição, e a Constituição é clara, cristalina, quando
diz que taxa só através de lei. Anteontem foi o ônibus – 10,73%, a inflação; e
15,79%, o “tarifaço” do ônibus.
Anteontem em nome da justiça tributária queriam aumentar o
IPTU, mas o discurso era da melhoria tributária. Fui no Decreto n.º 13.303 e
contei, são oitenta e sete CCs no DMAE, que devem ganhar, 2, 3, 5 mil reais!
Porque acabaram com todas as chefias, funcionários de carreira, para atender
aos interesses partidários. Queria que o Diretor do DMAE, primeiro, demitisse
50% desses CCs para ver se poderia equilibrar as finanças do DMAE. Mais do que
isso, o DMAE é uma instituição rica, é dona na PROCEMPA - a PROCEMPA que não
manda o Orçamento para esta Casa, que não manda o balanço e que este ano, e
digo como Presidente da Comissão, isso vai mudar. A PROCEMPA terá de mandar o
balanço e o Orçamento. Mais do que isso, o DMAE tem uma gráfica, não sei o que
produz, mas talvez para o Fórum Social tenha produzido muita coisa, porque eles
não prestam contas.
Por isso quero dizer que esta Casa pode e deve dar título de
cidadão e fazer Sessão Solene, mas ela não pode abrir mão das suas
prerrogativas. O povo lá na rua, quando vem o aumento do ônibus, chega para nós
Vereadores e diz: “Os senhores também autorizaram” – não sabem que foi o
Prefeito, através de um decreto. Quando vem o aumento da água, dizem: “Os
senhores autorizaram”. Eu quero ser Vereador, que se votar favorável vou lá
para a esquina democrática dizer por que votei; mas se não votei, quero dizer
com a mesma cara limpa por que não votei. Espero que seja coletivo, esta Casa
tem que coibir esse aumento, através do decreto legislativo, se for necessário.
Segundo, tenho dois veios judiciais. Primeiro, quero ver um juiz do Fórum Central,
através do Código do Consumidor, neste aumento abusivo, não canetear, dizendo
“parem com isso, chega!”. Também acho que essa lei não autoriza o decreto e
esta Câmara não pode vacilar, ela tem de se afirmar. Acredito que esse tema tem
de passar por esta Câmara, e temos de debatê-lo. Quero ver essa auditoria do
DMAE. Por que essas reuniões secretas? Por que a ARI, defensora dos
jornalistas, se abstém? E a Universidade Federal? Essas entidades têm
responsabilidades. Por isso essa matéria tem de prosseguir. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum):
O Ver. Almerindo Filho está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, utilizo este período para falar de um tema de profunda
importância que diz respeito ao dia-a-dia de todos nós: o cumprimento do Código
de Defesa do Consumidor. Na última quarta-feira, assistimos, por intermédio de
jornais, a inspeção dos agentes de fiscalização do Programa Estadual de Defesa
do Consumidor - PROCON - do Rio Grande do Sul às redes de supermercados a fim
de se verificar se os produtos das prateleiras estavam etiquetados. Para a
nossa surpresa, das onze lojas visitadas, seis foram autuadas e pagarão multas
de até 200 mil reais. Se fosse apenas a falta de etiquetas de preço dos
produtos, o que, pelo Código de Defesa do Consumidor, caracteriza delito... Mas
os agentes do PROCON encontraram produtos com a validade vencida, problemas com
a qualidade e conservação dos enlatados, bem como a presença em massa da
prática conhecida como “venda casada.” A discussão dos supermercadistas com o
PROCON acerca da Lei da Etiqueta não é nova, e já está extrapolando os limites
do respeito ao consumidor. Independente das medidas judiciais em curso, o respeito
ao consumidor deveria ser eixo principal do relacionamento entre os
supermercados e seus clientes.
Como Vice-Presidente da CEDECONDH, que é presidida pela
Ver.ª Clênia Maranhão, que recebe anualmente centenas de pessoas vítimas do
descaso ao Código de Defesa do Consumidor, gostaria de parabenizar o PROCON/RS
na pessoa do seu coordenador executivo, Sr. Ben-Hur Rava, e registrar todo o
nosso respeito pela sua pessoa, colocando a CEDECONDH a sua inteira disposição,
bem como de toda a sociedade porto-alegrense, como o fórum de defesa dos
direitos do consumidor. Que Deus abençoe todo o povo de Porto Alegre! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum):
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, vocês querem me enlouquecer com esse negócio de o PL se unir
com o PT. Mas que coisa! É um negócio muito sério. Nós temos de pensar muito no
atual momento da política nacional.
Eu vou usar o espaço de Liderança do Partido Humanista
Solidariedade, mas serei breve, muito breve.
Li no jornal Zero Hora
desta sexta-feira, na coluna do Sr. José Barrionuevo, que o Governo do Estado e
a Prefeitura de Porto Alegre devolveram verbas do Ministério da Saúde para o
combate à dengue nos exercícios de 1999 e 2000. Está sobrando dinheiro na
Prefeitura e no Governo do Estado?
Eu não consigo entender e estou aqui para pedir
esclarecimentos da Bancada do Governo a respeito disso que está na Zero Hora de hoje.
Quando todos nós estamos preocupados com a disseminação do
mosquito da dengue no Rio de Janeiro, principalmente no Rio de Janeiro, e
ficamos na expectativa de que a Prefeitura de Porto Alegre venha a campo para
dizer das providências que está tomando para não deixar o tal de aegypt entrar em nosso território, vem
uma afirmação dessas do Jornalista Barrionuevo de que devolvemos ao Ministério
da Saúde o dinheiro que nos foi enviado dos exercícios de 1999 e 2000.
Exatamente, Dr. Goulart, para ser usado na prevenção desse mal que no Rio se
transformou em epidemia. Quero uma resposta da bancada governista desta Casa a
respeito do assunto. Não adianta só a campanha pela mídia dizendo o que se deve
fazer para evitar que o mal nos atinja, sobre os cuidados que se deve ter com
as águas paradas, até com as tampinhas de garrafas, porque existe gente que
vive em tal estado de miséria absoluta, Dr. Goulart, que não tem o tino de
atentar para esses pequenos detalhes que são embutidos em campanhas via rádio,
onde eu estou – e posso falar de cadeira -, via TV e via jornal. Infelizmente,
falta à maioria da nossa gente, nas periferias da Cidade, instrução,
conhecimento e cultura. Precisamos de dinheiro e esse dinheiro teria sido
devolvido pelo Governo gaúcho e a Prefeitura de Porto Alegre, dinheiro que
agora seria usado para o combate do mal da dengue, com sanitaristas, com
médicos como o senhor, e demais entendidos da matéria, invadindo morros, vilas
e favelas em busca desses possíveis focos. Não é preciso chamar o Exército
Nacional para combater a dengue, mesmo porque esse mosquitinho gosta é de água
parada; então, vamos chamar a Marinha do Brasil. Por que não? Temos nós,
Vereadores, e a Prefeitura de ter dinheiro para ir para esta guerra; mas,
segundo José Barrionuevo, o dinheiro foi devolvido. E agora como é que fica,
hein? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): A
Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr.
Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, assim como os demais Vereadores
que me antecederam, eu quero me reportar aos graves problemas de agressão aos
direitos dos consumidores, que têm acontecido com a freqüência acima do que
estava acontecendo anteriormente na nossa Cidade. Porém, antes, eu quero fazer
um registro de um fato político, nacional, ocorrido no dia de ontem que, eu
acredito, terá repercussões fundamentais para o futuro político deste País. Nós
acompanhamos as articulações, os debates políticos que foram construídos nos
últimos dias, envolvendo a Direção Nacional do PPS, do PTB, do PDT e de outros
partidos que começam a se somar a uma proposta política que procura construir
um caminho de desenvolvimento para este País, de resgate da sua autonomia e de
construção de alternativas de desenvolvimento, com justiça social, para o
conjunto da população brasileira. Eu me refiro ao ato que culminou com a
construção de uma frente, a Frente Trabalhista Nacional, que recolocou para a
sociedade as alternativas de poder por meio das eleições presidenciais que
todos nós participaremos neste ano, construção dessa Frente em torno do nome de
Ciro Gomes à presidência da República. A alegria que envolveu todos os
militantes políticos nesse processo não é apenas ocasionada pela possibilidade
de o Brasil ter um Presidente da República moderno, mais comprometido com uma
modernidade não apenas institucional, mas de resgate dos princípios históricos
de uma concepção de defesa dos trabalhadores representada na história desses
partidos. É também uma alegria nós sabermos que essa aliança, além de ter um
caráter eleitoral, tem um caráter político porque ela foi construída e está
sendo construída em cima de um debate político na busca da convergência, no
resgate da história e das plataformas políticas que foram, ao longo do tempo,
defendidas por esses partidos.
Eu
acho que a realidade brasileira nos impõe uma reflexão e tem de nos garantir
uma humildade de abrir mão das siglas das instituições em defesa da construção
de uma proposta que tenha a viabilidade de acesso ao poder e que tenha
viabilidade de execução de um governo capaz de enfrentar os problemas
absolutamente graves por que o Brasil passa hoje. Adentramos pelo século XXI
nos orgulhando dos crescimentos tecnológicos alcançados pela sociedade. Porém, neste
mesmo século, os governos desses últimos tempos não têm sido capazes de
enfrentar as questões mais elementares que afligem a sociedade brasileira, como
a construção de uma vida digna ou a possibilidade de uma política de
distribuição de renda que permita que as mulheres e homens deste País tenham
acesso ao trabalho, à educação, à saúde, questões básicas para garantir a
dignidade de qualquer ser humano. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Sr.as e Srs.
Vereadores, queremos, em primeiro lugar, fazer o registro de que no dia de
amanhã, 23 de fevereiro, estará completando um ano de falecimento do
ex-Deputado Federal, ex-Deputado Estadual, ex-Secretário de Estado Francisco
Machado Carrion Júnior, de sua esposa Cláudia e de sua filha, Júlia. E, por
ocasião desta data, estará sendo realizada na Igreja São Manoel, às 18h, na Rua
Lucas de Oliveira n.º 711, uma missa pela passagem de um ano desses
falecimentos. Convidamos todos os colegas Vereadores, amigos que conviveram com
esse que foi meu irmão e que, independente de sermos de partidos diferentes,
sempre teve uma conduta correta e, no meu entender, politicamente avançada.
Em segundo lugar, gostaríamos de tratar brevemente desta
problemática do sambódromo, que tem sido um tema constante nesta Casa,
inclusive pela sua importância - sambódromo, pista de eventos. Queríamos, mais
uma vez, dizer que o PC do B entende que a construção da pista de eventos -
sambódromo – é uma necessidade para a cidade de Porto Alegre, devendo cumprir
certas exigências fundamentais; ou seja: uma pista com espaço suficiente para o
crescimento e a expansão do carnaval, que é a grande festa popular deste País,
expressão da maneira de ser do nosso povo, a maior festa popular do mundo. E
não é só festa; é atividade cultural massiva, coletiva, do nosso povo. Não só é
necessário que haja espaço adequado para a pista, como deve haver, também, a centralidade
desse equipamento; deve haver também condições de deslocamento da população
para esse local e espaço para os barracões. É nisso que nós temos que nos
debruçar para buscar a solução, continuo sendo daqueles que acreditam que
aquela área, da Humaitá – Navegantes, é a mais adequada.
Queria registrar, inclusive, que no dia de ontem o Prefeito,
Tarso Genro, recebeu um manifesto de líderes comunitários do Bairro Humaitá
representando quatorze Associações de Moradores, Sindicatos, Creches, Clubes de
Mães, Centros Religiosos, também com apoio da Associação de Entidades
Carnavalescas mostrando que existe na maioria da população da região a
compreensão de que é um equipamento que irá valorizar a área. De toda forma,
somos, também, dos que acreditam que deve ser respeitada a opinião da
coletividade e ser visto se a instalação do sambódromo nesta área conta com o
apoio ou não da comunidade da região.
Em terceiro lugar, nós queríamos lamentar que em plena crise
da epidemia da dengue neste País, o Ministro da Saúde se afasta do posto de
combate. É o general que abandona a luta, quando o povo morre, quando o
mosquito domina o País, fruto da incúria desse Projeto neoliberal que abandonou
a saúde deste País! E este Ministro desertor abandona o Ministério chorando lágrimas
de crocodilo para ver se impressiona os incautos, indo tratar da sua campanha
eleitoral sem qualquer preocupação com o povo que morre.
Uma quarta questão que eu queria referir são os dados
estarrecedores - que no dia de hoje a imprensa mostra - dos lucros dos bancos
neste País. Enquanto a economia está estagnada, a industria retrocede, o
desemprego cresce, os bancos tiveram o maior lucro da história do País. Os
estudos feitos pela “Austin Asis” sobre vinte e quatro bancos mostram um
crescimento dos lucros em 55,6%. No UNIBANCO, o lucro foi de 971 milhões, quase
1 bilhão. Banco Boston: o maior lucro da sua história, 737 milhões; BRADESCO:
mais de 2 bilhões; CITIBANK: 603
milhões! E o que espanta, Ver. José Fortunati - ilustre Presidente, bancário -
é que enquanto isso acontece, o mesmo jornal diz o seguinte: “Bancos reduzem o
número de vagas.” Crescem os lucros e as vagas diminuem!
Vou concluir divulgando o seguinte dado: em 1990, eram 732
mil bancários, meu Presidente; hoje são 391 mil, em uma redução de quase 50%. É
esse o Brasil que precisamos mudar o rumo! O Brasil dos banqueiros, o Brasil da
dengue, o Brasil da crise energética. Esse Brasil, Ver. João Bosco Vaz, nós -
independente das diferenças dos nossos partidos - não aceitamos e queremos mudar.
Esses são os paradoxos deste Brasil, dos dias de hoje, Ver. Antonio Hohlfeldt,
que é um seguidor de Fernando Henrique Cardoso.
Essa é a mensagem do PC do B nesta Sessão, trazendo nosso
repúdio ao que acontece no nosso País. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. José Fortunati,
Presidente desta Casa, Ver. Paulo Brum, Ver. João Bosco Vaz, Srs. Vereadores,
Sr.as Vereadoras, senhoras, senhores, eu acredito que esta
discussão, que se faz a respeito do aumento da água, aqui, em Porto Alegre,
deva ser travada exatamente se esclarecendo uma dúvida que foi imposta para nós
há algum tempo, e que acredito que caberia à Mesa desta Casa tentar dirimi-la.
A água é tarifa ou é preço público? Se cobra através de taxa ou se cobra
através de tarifa? Ela é compulsória ou não? É essencial ou não? Ora, eu tenho
aqui uma definição de um dos grandes tributaristas brasileiros, chamado Luciano
Amaro, é professor de uma universidade paulista e coloca assim: “Taxa é um
tributo, sendo, portanto, objeto de uma obrigação instituída por lei”. Já o
preço é obrigação contratual. O preço é, pois, obrigação assumida
voluntariamente, ao contrário da taxa de serviço que é imposta pela lei a todas
as pessoas que se encontrem na situação de usuários.
Ora, eu tenho aqui a água como algo essencial, como algo que
é colocado à disposição do usuário, mas ele não tem uma outra forma a não ser
utilizá-la. Então, tem todas as características de taxa! É um serviço
divisível? É um serviço divisível, é cobrado através daqueles relógios. Então,
nós não teríamos dúvidas em dizer que o que é o cobrado na água deveria ser
taxa. Só que há algum tempo – e não é um problema ligado só ao Partido dos
Trabalhadores, mas também é ligado ao Partido dos Trabalhadores – o DMAE
enxerga a cobrança da água como uma tarifa e, portanto, ele se coloca naquela
situação de que pode aumentar a seu bel-prazer, porque a tarifa, o preço
público pode ser aumentado assim; ele está à disposição do administrador. Mas,
se nós pegarmos, por exemplo, Ver. João Antonio Dib, a água que é cobrada já há
bastante tempo juntamente com a taxa de esgoto - e nós fomos vincular a taxa de
esgoto; há algum tempo atrás, se não me engano, até o Governo Collares, tinha a
opção das fossas; o cidadão poderia utilizar as fossas para o seu esgoto.
Depois, veio uma legislação impedindo que se utilizassem as fossas. Quer dizer,
para o esgoto, aonde passa o esgoto, o cidadão deve ligar ali na rede de esgoto
ou então lhe é cobrado o preço do esgoto. Então, também o esgoto começou a ser
taxa e não preço público.
Por isso, eu acredito, Sr. Presidente desta Casa, Ver. José
Fortunati, que a Mesa Diretora, que é presidida por V. Ex.ª, deveria solicitar
à nossa Procuradoria que, junto ao Judiciário, com uma ação declaratória,
pudesse definir esse impasse e pudesse colocar bem claro para todos nós,
através da Justiça, que o que é cobrado em relação à água é taxa, e que a
atitude do DMAE nos últimos tempos tem sido inadequada e tem sido ilegal. Tem
cobrado uma tarifa e tem aumentado a seu bel-prazer, quando na verdade deveria
ser taxa e, em sendo taxa, deveria passar por esta Casa. Qualquer tipo de
aumento superior à inflação - porque até o índice de aumento da inflação é
regrado, através de legislação, e pode ser através de decreto administrativo -
tem que passar por esta Casa, porque os tributos só podem ser criados por lei.
Se os tributos só podem ser criados por lei, o aumento destes tributos acima da
inflação também só pode-se verificar através de lei. Acredito que no caso da
água não existam muitas dúvidas, mas como DMAE dá este tratamento de tarifa
cabe à Mesa desta Casa, que é representativa de toda população, de toda
sociedade, que tem a sua Procuradoria, verificar, junto ao Judiciário, através
de uma ação declaratória, se realmente deve persistir esta idéia de tarifa, de
preço público, ou se o DMAE deve-se prender àquilo que eu acredito que deveria
estar fazendo há muito tempo, a uma lei para que pudesse dar qualquer tipo de
aumento para a utilização da água por parte da população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para um Requerimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, frente a
nossa convicção de que o Sr. Prefeito não pode aumentar a tarifa de água e
esgoto, por decreto, acima da inflação, a CEFOR, através da assinatura deste
Vereador, do Ver. João Antonio Dib e João Carlos Nedel, está submetendo a V. Ex.ª,
de acordo com o que dispõe o art. 94 do Regimento, para que, de plano, V. Ex.ª
consulte a Comissão de Justiça sobre a legalidade, ou não, deste aumento, por
decreto. Faço um apelo para que seja em caráter de urgência, frente ao anúncio
que o Prefeito tem feito, de que vai decretar este aumento dia 1º de março. E
tendo em vista a vinda do Sr. Diretor-Geral do DMAE, hoje, às 14h30min., mais
uma vez, solicito a V. Ex.ª para que converse com os membros da Comissão para
vermos a possibilidade de, no máximo, até segunda-feira, termos um parecer
sobre esta matéria. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Ver.
Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, só para
que nós não caiamos em erro, e acho que esta Casa tem a obrigação de se
preservar, sei o conhecimento que tem o Ver. Sebastião Melo e o admiro pelos
seus conhecimentos também, além da nossa amizade fora deste Plenário, mas não
se pode falar, no caso, em tarifa, porque se falo em tarifa eu falo em preço
público e preço público pode ser aumentado por decreto, é da legislação. Nós
temos que falar em taxa, porque a taxa tem que ser por lei. A solicitação que
fiz a V. Ex.ª é exatamente para verificarmos se é taxa ou se é tarifa. Se é
tarifa, pode; se é taxa, não pode.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Ver.
Luiz Braz, sem dúvida, todos temos o interesse de que o esclarecimento aconteça
para o bem dos trabalhos legislativos e para o bem da Cidade de Porto Alegre.
Por isso solicito a V. Ex.ª que encaminhe o pedido por escrito a esta
Presidência, que irá solicitar, de plano, que a Procuradoria se manifeste sobre
o pedido, para que depois possamos fazer os encaminhamentos devidos.
Naturalmente, antes de mais nada, é necessário que a Procuradoria da Casa se
manifeste para que possamos tomar as devidas providências em relação ao
assunto.
O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, funcionários, público do Canal 16, sobre a
polêmica gerada em torno do realinhamento da tarifa de água é evidente que o
que está-se colocando aqui é uma disputa política. Hoje se tratou não só da
tarifa da água, mas também do realinhamento das questões dos ônibus. O que têm
feito alguns setores da oposição? Têm tratado dos assuntos da Cidade de forma
irresponsável neste ponto. Por quê? Porque a nossa Cidade está reconhecida não
só na questão da água e esgoto, como também na questão do transporte coletivo
como das mais qualificadas do Brasil. Isso é graças aos procedimentos administrativos
legais que a Prefeitura adota. O primeiro deles, da tarifa de ônibus: o
realinhamento que permitiu a renovação da frota, a manutenção de uma frota cuja
idade média é em torno de cinco anos; o segundo: na água, o que permite que a
nossa água seja uma das melhores do Brasil, e mais, que atende a 99,5% da
população de Porto Alegre.
Isso foi feito como? A partir da aplicação de recursos e
investimentos. O que o Conselho Deliberativo do DMAE fez, foi autorizado por
lei desta Casa, a Lei Complementar n.º 180, que, no seu art. 36, alterou a Lei
n.º 170 - todas leis da Casa. Então, não é a bel-prazer que define. Por
exemplo, a Lei n.º 2.312, de 1961 – aliás, o Ver. João Antonio Dib a conhece -,
no seu art. 11, diz que é determinado por esta Casa, por parte de lei, que a
receita ordinária do Departamento Municipal deve preservar 25% de
investimentos. É disso que se trata. Mas nós estamos falando em percentual, e
nesse percentual vem 17% de realinhamento e criam-se expressões para dar
manchete. Faço justiça ao Ver. Luiz Braz, que vem fazer uma discussão de mérito
- e já sei a posição dele defendida na Comissão de Constituição e Justiça.
Agora, o Ver. Luiz Braz, ao fazer a discussão, também sabe que a lei que
aprovamos - a Lei n.º 170, a Lei n.º 180 - e a mesmo Lei n.º 2.312, de 1961,
trata o preço, o custo da água como tarifa. E assim tem sido e foi assim que a
lei aplicou. E nós, quando vemos a manifestação do Ver. Sebastião Melo, ficamos
a nos perguntar: o Ver. Sebastião Melo quer desconstituir o serviço de água e
esgoto da Cidade, que é responsável também pela saúde pública? Quando aqui se
levantam essas questões, não se está colocando, por exemplo, que o serviço de
água e esgoto em Porto Alegre tem uma das menores tarifas do Brasil. Agora,
estamos vendo o movimento do Ver. Sebastião Melo, que é o de criar dificuldades
para a Administração e, em cima dessas dificuldades, obter dividendos
políticos. Mas será que ele não se preocupa com que essas dificuldades
atingirão populações? Sabem qual é o preço médio do custo básico da tarifa de
água em Porto Alegre? É de 98 centavos. Sabem do que estamos tratando? De 1
real e 11 centavos.
Ver. Beto Moesch, custo básico da água em Porto Alegre,
todos os custos dividindo pelo milhões de litros, de metros cúbicos de água
gerada: 98 centavos. Para quanto? Para 1 real e 11 centavos, 1 real e 10 centavos. E o Ver. Sebastião
Melo diz que isso é tarifaço, que isso não acompanhou os salários, que isso não
sei o quê. Isso é o que mantém a qualidade da saúde da Cidade, isso é que mantém
o abastecimento e o tratamento de água para 99,5% da população. O Ver. João
Dib, que foi Diretor do DMAE, sabe muito bem disso, da qualidade. Sei do seu
questionamento, mas é de outra natureza.
Então, Sr. Presidente, para concluir, o que nós estamos vendo
aqui é uma disputa política, porque o Governo tem responsabilidade, ele
corrige, sim, os preços para manter a qualidade dos serviços. Se não fosse de
outra forma, como é que nós explicaríamos aquilo que eu não ouvi ainda do Ver.
Sebastião Melo, porque ele apóia o Governo Federal: o aumento, por exemplo, da
energia elétrica, que incidiu sobre as tarifas do DMAE e da CEEE; o aumento do
custo da gasolina, por exemplo, sobre o qual o Vereador sequer se manifestou;
ou ainda, a publicidade do Ministério do Trabalho, que vem sendo feita, para
defender o quê? A quebra dos direitos trabalhistas. E o Ver. Sebastião Melo não
fala sobre isso, ele isolou a cidade de Porto Alegre para fazer o seu roteiro
de oposição e tirar disso dividendos eleitorais. Isso a Casa não vai albergar.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ADELI SELL
(Requerimento): Sr.
Presidente, quero passar às suas mãos um Requerimento, em que peço para anexar
o que foi solicitado da tribuna hoje: um cômputo geral dos gastos com os cargos
do Projeto de Lei. Então, eu requeiro que seja anexado ao PLE nº 038/01.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Agradeço
ao Ver. Adeli Sell.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, diz o adágio popular: “Nada como um dia depois do outro”. Mas nós
vivemos num mundo tão acelerado, tão rápido, que é preciso que se altere para:
“nada como um minuto depois do outro”.
Eu vi um integrante da Frente Popular, aqui, fazer uma crítica
contundente ao Ministro José Serra, que deixou o Ministério ontem. Eu não tenho
razões para defendê-lo, ele não é do meu partido e até não é da minha simpatia.
Não tenho razões, portanto, para defendê-lo, mas, eu sou obrigado, como
Vereador desta Cidade, a dizer que o Prefeito da Cidade não chegou a assumir a
Prefeitura, jurou que ficaria quatro anos e está correndo desesperadamente para
ser candidato a Governador! Isso me parece muito mais grave, mas muito mais
grave do que o que fez o Ministro Serra, cuja candidatura vem sendo anunciada
há muito tempo: Senador que queria ser candidato a Presidente. Mas a minha
bíblia petista afirma que nos últimos vinte anos, o Prefeito que menos recursos
teve em Porto Alegre fui eu. E eu
fico contente com a bíblia petista quando diz algumas coisas e não cumpre.
O que também me faz vir a esta tribuna, é que eu ouvi aqui
um requerimento do Ver. Luiz Braz, que quer saber se é taxa ou se é tarifa.
Esta Casa já debateu longamente este problema, talvez consiga uma solução agora,
não conseguiu no passado. Se era taxa ou se era tarifa, ficou a expressão
“taxarifa”. Eu não sei qual é a expressão, e não é isso que faz a diferença.
Mas que tem de passar pela Casa, não há dúvida nenhuma. E eu não estou querendo
dizer que o DMAE começou agora com a melhor água do mundo, porque ele sempre
teve qualidade em água. E no tempo em que eu fui diretor do DMAE não se
contestou a acidez, como hoje, na água no DMAE. Não havia acidez. Hoje eu não
sei se resolveram o problema, mas já li artigos e mais artigos sobre o problema
das canalizações.
Equipe de transporte coletivo, eu fui Secretário do Prefeito
Socias Villela, nós tivemos o orgulho de ouvirmos o Ministério do Transporte
dizer que a melhor equipe de transporte e trânsito no Brasil estava em Porto
Alegre. Eu duvido que hoje qualquer ministério dissesse tal coisa. Duvido. Mas
eu não tinha dinheiro, eu disse, então eu não tinha um catálogo como este aqui.
(Mostra o catálogo.)
Quarenta e quatro páginas de coisas maravilhosas, feito em
abril de 1999 com dados do ano interior; portanto, tem quatro anos este
catálogo, que vai mostrar a eficiência da administração da Prefeitura. É muito
bonito! Os objetivos as abrangências, os benefícios oferecidos aos integrantes
do programa, resoluções, tudo da área central. Linha de atuação para a busca de
recursos - começa muito bem. A Caixa Econômica Federal empresta dinheiro,
segundo eles, a 1% ao mês, com carência de 30 dias e no prazo de 18 meses. O
BRDE empresta a 5% ao ano e mais taxas de juros de longo prazo, amortização até
sessenta meses com carência de doze meses. A grande instituição comunitária de
crédito PortoSol faz empréstimo de até 10 mil reais com juros de 4,5% ao mês.
Aqui diz quais são os tipos de investimentos passíveis de financiamento e até
ar-condicionado para os prédios. Há os projetos – e aqui tem um de que o Ver.
Haroldo de Souza gosta muito –, isso em 99, plano de 98. “Projetos: FESC –
excluídos sociais e crianças das ruas”. Não era só o Prefeito Tarso Fernando
Genro, o outro já fazia a mesma coisa. “Macroacessibilidade,
microacessibilidade”, e vem fazendo coisas maravilhosas –
“garagem-estacionamento, implantação de novos estacionamentos, de dissuasórios
na área central”, para dissuadirem os motoristas a irem à área central, como tem
no Largo da EPATUR. “Garagens subterrâneas exploradas em regime de concessão”.
“Estágio é uma idéia; prazo médio; requer estudo de viabilidade” – não fizeram
nada, só disseram que iam falar com os espanhóis. E vem alternativas
locacionais para ambulantes e projetos específicos - e tem duas páginas. Mas o
que fizeram? No Natal, vimos com tristeza profunda, que os ambulantes fecharam
o comércio, impediram o comércio de trabalhar. E a Prefeitura não fez nada. E
por aí vai, são quarenta e quatro páginas.
Eu não tinha esse dinheiro; se tivéssemos dinheiro,
Secretário Walter Lemos, que trabalhou na minha administração, nós mostraríamos
que ganhamos três vezes o título de “A Cidade com melhor qualidade de vida no
País”. Mas não tínhamos dinheiro. Eles ganharam o título, duas, em treze anos e
falam como se tivessem ganho treze vezes; nós ganhamos três títulos em três
anos, mas eu não tinha dinheiro para essa magnífica publicação. “Catálogo”.
Quando o recebi do Presidente ontem, questionei-me: “catá” o quê? Estou catando
as obras que a Prefeitura deveria ter feito e não fez. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vamos ocupar esta tribuna tentando discutir um
pouco com os Vereadores e com a comunidade dois temas importantes. O primeiro é
o nosso descontentamento com o fato de, mais uma vez, a CPMF ter sido
prorrogada, mostrando que essa prorrogação parece que nunca vai terminar. Até
2004 vamos conviver com o fato de, a cada cheque, a cada saque, 38 centavos
saírem das nossas contas, e, além disso, com um agravante: de todos os
investimentos das bolsas não será cobrada a CPMF. Mais uma vez, neste nosso
País, aqueles que fazem investimentos e têm alta lucratividade não serão
penalizados. Parece até algo hilariante. Mas, como já é comum essa prática no
nosso País, não devemos rir; devemos, sim, ficar indignados e tentar saber por
que os investimentos em bolsas de valores não são tributáveis com CPMF, tributo
esse que surgiu com a idéia de sanear a saúde do nosso Brasil. O que se viu ao
longo de todos esses anos é que a verba da CPMF nunca passou para a área da
saúde. O que temos visto é que, a cada ano que passa, a saúde do nosso País tem
ficado mais sucateada. E, agora, por último, estamos vivendo uma grande
epidemia com a questão do dengue. A CPMF foi prorrogada, e as bolsas de valores
não serão tributadas.
Quero também fazer uma manifestação, depois de ver os
jornais de hoje. A empresa Claro Digital está completando três anos, e nós
aproveitamos para parabenizá-la. A Claro Digital já tem hoje oitocentos e vinte
e um mil clientes, e que 50% dos seus clientes que possuem telefone celular
pré-pago já são cadastrados, e os demais não o fazem porque falta uma
legislação. Queremos dizer que, mais uma vez, Porto Alegre já tem uma lei,
sendo que até o dia 16 de março sai a sua regulamentação. Se os Senhores e
Senhoras tiverem a oportunidade de ver o Projeto que foi aprovado, na semana
passada, em São Paulo, observarão que nada mais é do que uma cópia da nossa
lei. Eu fico muito satisfeito com isso, porque as leis, quando são boas, devem
ser copiadas e, logo em seguida, colocadas em prática, e São Paulo fez isso, ou
seja, uma cópia da nossa lei.
Ressalto que Porto Alegre, sim, já tem uma lei que obriga o
cadastramento dos telefones celulares pré-pagos. A sua regulamentação tem de
estar efetuada até o dia 16 de março e, a partir daí, todas essas empresas que
venderem telefones celulares em Porto Alegre serão obrigadas a cadastrar
aquelas pessoas que comprarem o seu telefone. Em cima disso quem está ganhando
é a população da nossa Cidade, porque mostra que esse tipo de telefone é o
utilizado, largamente, hoje, nos presídios, largamente pela questão de
contravenções, muitas vezes, como nós vimos o caso do Juiz Nicolau que
utilizava o celular. Temos, mais recentemente, o episódio do seqüestro da filha
de Sílvio Santos. Queremos mostrar com isso que pode ser feito. O que estamos
cobrando aqui é que a ANATEL, de uma vez por todas, discipline, porque tem um
papel decisivo, e só para que os Senhores e Senhoras tenham uma idéia, o
superávit do nosso País, no mês de janeiro, chegou a 5,8 bilhões, sendo que
desse valor 655 milhões foram exclusivos por concessões das bandas D e E
concedidas pela ANATEL. Então a ANATEL, em vez de preocupar-se, única e
exclusivamente, em conceder bandas, tem de preocupar-se, sim, pela população
que, muitas vezes, por um simples telefone celular perde a sua vida. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Esta
Presidência recebeu Requerimento da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento
e do Mercosul requerendo que esta Câmara Municipal, com base no art. 94, letra
“j”, seja ouvida a Comissão de Constituição e Justiça sobre a legalidade de o
Sr. Prefeito Municipal autorizar aumento de tarifas de água e esgoto acima da
inflação, através de decreto, contrariando o disposto em Lei Complementar n.º
170 e suas modificações. Requer, ainda, que se manifeste sobre a legalidade da
medida, sob o ângulo da Lei Federal n.º 8.078, especialmente no que tange ao
art. 51. Por último, requer tudo isso em caráter de urgência, tendo em vista a
iminência de graves perdas para toda a população de Porto Alegre.
De acordo com o art. 94, § 1.º, letra “m” do Regimento desta
Casa estou encaminhando ao Ver. Estilac Xavier, Presidente em exercício da
Comissão de Constituição e Justiça, para a devida análise do Requerimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver.
José Fortunati, eu não vou querer impugnar o Requerimento do Ver. Sebastião
Melo, mas fazer um registro, até para que a Mesa Diretora possa fazer essas
considerações internamente no sentido de que procedimentos desse tipo, como
esse de Comissão, seja verificado se não têm de passar por uma reunião da
Comissão, ter uma ata, pela sua importância, pelo seu significado, e não seja
simplesmente uma coleta de assinaturas pelo Plenário. Até por que - e eu não
estou impugnando o Requerimento, para deixar tranqüilo, não é esse o objeto,
não é de obstrução - esse Requerimento havia sido redigido como um pedido
pessoal do Vereador, de acordo com a letra “j” do art. 94. Verificando que daí
teria de passar pelo Plenário, o Vereador transformou-o num requerimento de
Comissão. Então, é uma solicitação tranqüila ao Presidente da Casa, que esses
procedimentos de Comissões tenham o aval da Comissão em reunião regular e com
uma ata, para terem um mínimo de substância essas matérias tão importantes. Eu
já agradeço antecipadamente esse encaminhamento do Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
Eu agradeço a preocupação do Ver. Juarez Pinheiro, mas como o próprio Vereador
afirma que não está impugnando o atual Requerimento, eu, de imediato, passo às
mãos do Ver. Estilac Xavier, Presidente em exercício da Comissão de
Constituição e Justiça, levando, sim, em consideração a preocupação do Ver.
Juarez Pinheiro; que nos próximos requerimentos nós possamos ter a cautela de
que as Comissões, ao apresentarem seus requerimentos, também o façam com a base
legal das reuniões ocorridas.
Havendo quórum, passamos à
O SR. SEBASTIÃO MELO
(Requerimento): Sr.
Presidente, o Requerimento deste Vereador é no sentido de que nós possamos
começar a Sessão de hoje, pelo Requerimento n.º 278/01, tendo em vista esta
matéria ter sido discutida em duas Sessões anteriores e por falta de quórum,
especialmente pela bancada governista esta matéria não chegou ao seu final.
Frente a isso então eu faço este Requerimento para que esta matéria seja
apreciada em primeiro lugar e depois siga-se a pauta normal desta Sessão. Muito
obrigado.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB
(Requerimento): Sr.
Presidente, eu tenho sempre me manifestado contrariamente à utilização do art.
81 da Lei Orgânica, mas no fim do ano passado eu fui obrigado a fazer a
utilização do mesmo já que eu tinha um Projeto que passara por duas Comissões e
recebeu Parecer favorável, mas não foi votado. Altera o Plano Diretor – PLCL nº
004/01 - e eu gostaria de retirar o pedido do art. 81 para que os meus demais
colegas possam, nas diferentes Comissões, fazer a análise do Projeto.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Está
acatado de plano, Ver. João Antonio Dib, o seu pedido.
O SR. DR. GOULART
(Requerimento): Nós
temos aqui uma necessidade histórica que é o Projeto sobre os 40 anos da
Legalidade se tornar itinerante nos colégios e locais apropriados. E então,
como ele não é muito polêmico e já conversei com os meus Pares, eu gostaria de
poder apresentar como primeiro Projeto, hoje, para ser votado que é um projeto
que não é polêmico, PR nº 091/01, Proc. nº 3682/01 da pág. n.º 14. Quarenta
anos da Legalidade.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Temos, então, dois Requerimentos até o momento,
Requerimentos feitos pelos Vereadores Sebastião Melo e Dr. Goulart, para que a
ordem de apreciação dos trabalhos da Ordem do Dia de hoje seja a seguinte:
Projeto de Resolução n.º 091/01 e, após, seja apreciado o Requerimento de n.º
278 /01 e depois continuaremos a ordem do espelho da Ordem do Dia.
O SR. CARLOS ALBERTO
GARCIA (Requerimento): No nosso entendimento é que entra primeiro o Projeto de
Resolução n.º 091/01, logo após o Requerimento n.º 278, voltando para a Ordem
do Dia. Então, eu gostaria que após seja apreciado o Requerimento de n.º
287/01.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Carlos Alberto Garcia propõe que adendando a proposta do Ver. Dr. Goulart,
Ver. Sebastião Melo, votemos em primeiro lugar o Projeto de Resolução de n.º
091/01, após o Requerimento de n.º 278/01 e em seguida o Requerimento de n.º
287/01.
O SR. ESTILAC XAVIER
(Requerimento):
Sr. Presidente, não houve um acordo prévio entre as Lideranças para ordenar os
trabalhos. Eu acho que o Requerimento de n.º 016/02 – não pelo fato de eu ter
sido o proponente – mas já se passaram mais de um mês do assassinato do
Prefeito Celso Daniel, quando a Casa estava em recesso, se nós não aprovarmos
hoje, ou rejeitarmos esta Moção, até vou retirar o Requerimento pois já está
quase se elucidando o crime.
Proponho que se aprecie este Requerimento, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): Colocamos
em quarto lugar na ordem de apreciação, conseqüentemente, faremos uma avaliação
bastante rápida. Indago se há concordância. Em votação a ordem dos trabalhos para
a apreciação da Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADA,
com o voto contrário do Ver. João Antonio Dib.
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e
bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 3682/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 091/01, de autoria do Ver. Dr.
Goulart, que torna itinerante a exposição sobre os 40 anos da Legalidade,
promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Emendas nºs 01 e 02.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Nereu D'Avila: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº
091/01. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver.
José Fortunati, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, a matéria que
traz ao debate o Vereador, nosso companheiro, Dr. Goulart, é da maior
importância. Discutir a Legalidade de uma forma descentralizada, Ver.ª Clênia
Maranhão, é discutir a própria questão da democracia. O imperialismo pode se
impor às nações mais pobres de diversas formas. Uma forma é a militar, a outra
é a forma econômica e a outra é a forma cultural. Esse conjunto de relações
utilizadas pelo imperialismo faz com que povos fiquem escravos, faz com que
povos fiquem submetidos aos interesses dos mais fortes. Nós sabemos que o Golpe
de 64, que teve a sua entabulação iniciada em 1961 e alguns anos antes, Ver.ª
Clênia Maranhão, foi uma articulação política que veio de fora. Foi uma
articulação política comprovada, hoje, inclusive, com os arquivos abertos da
CIA, de que foi organizada por essa instituição, quer dizer, uma instituição
americana imiscuindo-se nos assuntos e nos interesses da Nação brasileira. Nós
sabemos que, ao final da década de 50, início da década de 60, quando o estado
do bem-estar social começava a manifestar as suas primeiras debilidades, de que
aqui no Brasil e em outros países da América Latina se instituía um grande
movimento de massas na área rural, na área urbana para fazer com que injustiças
sociais perpetradas há décadas, quando o Brasil, quando a América Latina fossem
diminuídas. Tivemos o episódio das Ligas Camponesas com Julião, tivemos as
manifestações dos estudantes e comprovado foi de que aquele golpe dado pelos
militares em 64 foi um golpe determinado pelas forças imperialistas e,
principalmente, pelos americanos.
O que Brizola, àquela época, conseguindo, naquele momento, o
apoio quase que integral do povo gaúcho fez foi garantir o processo
democrático. O Presidente Jânio Quadros, que havia sido eleito com o símbolo de
uma vassoura, e o Ver. João Antonio Dib lembra ainda desse episódio, era o
símbolo de sua campanha, queria varrer os corruptos, assim como fez o Fernando Collor,
queria varrer os corruptos, acabou trazendo mais corruptos para a gestão do
Estado.
Jânio Quadros depois de sete meses de Governo renunciou, e
legitimamente o Presidente a assumir seria João Goulart. E os militares a
mando, portanto, da CIA, dos Estados Unidos queriam impedir que a Constituição
Brasileira, que o estado democrático de direito fosse cumprido. E, naquele
momento, aqui no Rio Grande do Sul insurgiram-se as maiores lideranças,
lideranças extremamente representativas, uns, inclusive, já desaparecidos,
outros que continuam ainda em ação no cenário político deste País. Quero
lembrar que à época a Universidade Federal do Rio Grande do Sul teve as suas
aulas suspensas. Os mais antigos, o Ver. João Antonio Dib deve lembrar do
mata-borrão, onde eram distribuídos, inclusive, armamentos para os estudantes,
para a resistência.
O papel da Legalidade foi um papel fundamental, sejamos nós
de uma posição política e outra, porque todos nós aqui defendemos o processo
democrático. Naquele momento, João Goulart assumir, ascender à Presidência da
República era uma imposição da democracia contra os interesses do imperialismo,
contra os interesse americanos.
Portanto, essa iniciativa do Ver. Dr. Goulart que visa
popularizar esse movimento, fazer com que os mais jovens, que não tiveram a
oportunidade de conviver e sentir por osmose a importância daquele momento
histórico, possam se apropriar daqueles acontecimentos que marcaram a vida de
gerações e que foram significativos, inclusive, depois, na redemocratização do
País. Portanto, é uma iniciativa da maior importância, ela tem significação,
ela tem símbolos, ela tem substância e deve receber de todos nós o apoio
unânime para que essa exposição possa ser assim como quer o Vereador,
itinerante, e que mais pessoas, principalmente os mais jovens, possam se
apropriar daquele grande momento de luta do povo gaúcho, registrado
definitivamente na história política deste Estado, deste País e da própria
América Latina. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o Projeto de Resolução
nº 091/01.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sr.as Vereadoras, eu fiz questão de, em nome da minha
Bancada, o PPS, ocupar a tribuna para expressar o nosso apoio a um projeto de
lei do Ver. Dr. Goulart, que é um projeto extremamente simples, mas que tem um
significado muito grande do ponto de vista político. Representa também uma
contribuição a um resgate histórico significativo para o nosso Estado e para o
Brasil. A Câmara Municipal de Porto Alegre construiu uma exposição que tem a
finalidade de colocar para a sociedade, através de fotos e materiais escritos,
o significado da Campanha da Legalidade, que teve como centro Porto Alegre e o
Rio Grande do Sul, e como figura política de vanguarda o ex-Governador Leonel
Brizola.
Quando da exposição aqui da Câmara, esse fato propiciou o
acesso a estudantes de várias escolas, da compreensão da Campanha da
Legalidade, que foi um movimento que teve uma importância, naquele momento,
para garantia da posse do Presidente João Goulart. Infelizmente, nós vivemos
num tempo de atomização da informação, onde a forma, muitas vezes, sobrepuja o
conteúdo, onde a pressa da notícia, da mídia, subestima o resgate histórico à
recomposição dos fatos políticos que formam a história da nossa sociedade. Por
isso, eu considero fundamentais todas as iniciativas que procuram contribuir
para o resgate da memória política da história gaúcha e brasileira. A exposição
da Legalidade se coloca no bojo dessas preocupações, de criar mecanismos
fáceis, que garantam o acesso, fundamentalmente da juventude, ao resgate da
história política brasileira. O Ver. Juarez Pinheiro já disse aqui do
significado político mais profundo da Campanha da Legalidade. Quero apenas
resgatar o significado para as gerações, para a juventude que freqüenta as
escolas da nossa Cidade, para as instituições comunitárias que poderão, através
desta exposição da Câmara, ter acesso a fatos políticos significativos,
daqueles que acreditam na democracia, e que saíram de uma situação de
passividade para uma situação de militância e de extrema coragem, que foi a
Campanha da Legalidade no Rio Grande do Sul.
Como não sou gaúcha, não vivenciei esse processo político no
Estado do Rio Grande do Sul, mas vivenciei esse processo político no Nordeste,
onde, inclusive, outros movimentos, que formavam aquela ação política da
sociedade, como os movimentos na época protagonizados por uma grande massa da
população e que tinham na sua liderança Miguel Arraes, Francisco Julião,
movimentos fundamentais de unificação de uma ação política brasileira, dos
cidadãos que resistiam a um golpe, que resistiam porque acreditavam na
democracia como instrumento de transformação deste País.
Quero parabenizar o Ver. Dr. Goulart pela proposta da
descentralização da exposição da Legalidade. Através desta iniciativa a Câmara
Municipal de Porto Alegre dará mais uma contribuição ao nosso Município, para
que ele possa resgatar a sua história política. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Raul Carrion está com a palavra, para discutir o PR nº 091/01.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sr.as Vereadoras e todos que nos assistem no dia de hoje.
Queremos, em primeiro lugar, parabenizar o Ver. Dr. Goulart pela iniciativa.
Iniciativas desse tipo são extremamente importantes para resgatar a história do
nosso Estado, do nosso povo; porque um povo que não resgata a sua história, que
não conhece a sua história, é um povo que não tem futuro, que não tem
capacidade de construir uma nova pátria, como nós desejamos. Por tudo isso, é
evidente que a Bancada do PC do B está apoiando a sua iniciativa.
O povo de Rio Grande do Sul e o nosso Estado tem uma tradição
histórica, progressista e inclusive de esquerda, no entender deste Vereador.
Talvez isso esteja ligado, Ver. Dr. Goulart, ao fato de que no Rio Grande do
Sul não preponderou, como em outros Estados, o sistema de plantations e de agricultura monocultora de exportação, baseada na
escravidão em larga escala. Não queremos dizer com isso que o Rio Grande do Sul
não sofreu também as marcas da escravidão, principalmente na parte Sul do
Estado, nas chamadas “charqueadas”. Muitas vezes se vende a ilusão de que o Rio
Grande do Sul foi um Estado em que não houve a escravidão, em que não houve a
opressão dos negros. Não é verdade! Houve grandes contingentes de escravos
explorados e oprimidos no nosso Estado; mas a característica da produção
agropecuária, da pequena produção dos imigrantes, deu ao Rio Grande do Sul essa
marca mais progressista que inúmeros acontecimentos irão demonstrar.
A Revolução Farroupilha, no século antepassado, apesar de
ser dirigida pelas oligarquias rurais – e isso é um fato objetivo - teve um
profundo conteúdo progressista e democrático naquele momento. Por exemplo, a
bandeira da República já era levantada no Brasil Imperial em 1835, neste
Estado. Os setores mais avançados da chamada Revolução Farroupilha colocaram a
questão da extinção da escravidão no nosso Estado - uma posição pioneira -
evidentemente não compartilhada por todos. A questão da defesa da Federação,
tema ainda hoje atual, em um momento em que o Poder Central impede a autonomia
do nosso Estado; e assim por diante. Tivemos, depois, no episódio da luta
abolicionista, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, a libertação dos
escravos em Porto Alegre e outros Municípios do Estado. Da mesma forma a
Revolução de 30, que completou a Revolução Burguesa no nosso País, iniciada com
a abolição da escravidão. E aí chegamos em 1961, à grande luta pela Legalidade
no nosso Estado, que não é “um raio que cai num céu azul”, mas que bebe dessas
origens libertárias do povo gaúcho, fruto de toda uma história e de um modo de
produção com suas particularidades do nosso Estado. Essa trajetória não
dependeu somente de alguns homens ou mulheres, melhores ou piores, mas da
existência de relações sociais mais democráticas e mais avançadas no nosso
Estado. E esse acontecimento, Ver. Dr. Goulart, teve grande significação. Ele,
diria eu, impediu a antecipação do golpe militar de 64; porque o golpe militar
de 64, também não nasceu do nada: ele bebeu suas origens em 54 com o suicídio
de Vargas que - para impedir, naquele momento, um golpe oligárquico pró-imperialista
e antipovo - cometeu o próprio suicídio, levando a uma grande mobilização
popular que bloqueou a tentativa golpista. A tentativa golpista seguiu através
de Café Filho, buscando impedir a posse de Juscelino Kubitschek; o que foi
abortado pela posição democrática do Marechal Lott e de setores do Exército é
que se opuseram ao golpe.
Novamente, em 1961, tentaram, através de um golpe, impedir a
posse de João Goulart, o Presidente legal deste País, rasgando a Constituição.
Os três Ministros militares tentaram o golpe, e o povo gaúcho - sob a liderança
de Leonel Brizola, incontestável Líder naquele momento - se levantou e
resistiu. Partiu do Rio Grande do Sul a resistência a mais essa tentativa de
golpe militar.
Para concluir, Sr. Presidente, o Partido Comunista do
Brasil, naquele momento, cerrou fileiras junto a todos os democratas, e no
“mata-borrão” – de que falava o Ver. Juarez Pinheiro - lá estavam os
comunistas, os sindicalistas do Partido Comunista liderando a formação dos
batalhões operários, liderando a formação de batalhões de mulheres, os
batalhões de artistas e tantos outros, protagonizando essa grande luta da
legalidade. Foi um marco não só da história gaúcha, mas um marco da história
brasileira a resistência do povo gaúcho. E, certamente, o fato de ser o Estado
mais politizado, de termos quatro gestões de esquerda na cidade de Porto
Alegre, de termos o Governo do Estado e de que aqui, nas eleições
presidenciais, os candidatos neoliberais sempre terem sido derrotados, também
está ligado à luta da legalidade.
Por isso é importante o Projeto do Ver. Dr. Goulart. Conte
com o voto e o apoio, com a emoção do Partido Comunista do Brasil, aqui
representado por este Vereador. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos
Alberto Garcia): O
Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não quero que meu pronunciamento seja muito extenso. Vejo-me
obrigado a vir à tribuna para agradecer os encaminhamentos já feitos pelos
colegas Vereadores e para registrar que o nome “legalidade” ficou para todo o
sempre. Também quero destacar dois momentos, duas atitudes, duas filosofias de
vida, duas coerências absolutas que marcaram o tempo da Legalidade e os nossos
alunos dos colégios por onde passar esta exposição hão de refletir sobre isso.
Primeiro: legalidade. O Governador Leonel Brizola manda um telegrama para o
Presidente Jânio Quadros, que estava no Aeroporto de Cumbica, dizendo: “Sr.
Presidente eleito, se Vossa Excelência se sente ameaçado por qualquer tipo de
força, manterei a legalidade. Venha para o Rio Grande do Sul e transfira o
Governo do Brasil para Porto Alegre”, mostrando a coerência da sua legalidade,
embora fosse completamente contrário à maneira de pensar daquele homem, mas
aquele tinha sido o Presidente eleito e tinha obtido, até aquele momento, a
maior votação da história do Brasil. Brizola acoitaria o Presidente eleito para
manter a legalidade.
O segundo momento sobre o qual temos de refletir bastante é
sobre a personalidade de João Goulart, para entendê-la. João Goulart era homem
milionário, era um fazendeiro, um negociador muito forte nas áreas da pecuária
e da agricultura. Não precisava ter nenhum outro tipo de ganho que não fosse o
de salvar o seu povo com as reformas de base. Não permitiu, naquele momento,
qualquer tipo de levante que pudesse se insurgir contra o Centro do País e
trouxesse para cá uma revolução fratricida. Manteve a coerência três anos
depois, quando se retirou do Brasil, sabendo que as forças americanas estavam
com as naves e com os seus navios encostados em Fernando de Noronha e, de lá,
atacariam e transformariam o País em Brasil do Norte e Brasil do Sul.
Há coerência de Brizola em manter a legalidade e há
coerência de João Goulart em não permitir a luta fratricida. Isso é importante
para esta exposição que vai ser levada de colégio em colégio na cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): A
Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, esta proposição singela do Ver. Dr. Goulart enseja diferentes reflexões. Uma delas
é a que, brilhantemente, os Vereadores que me antecederam fizeram,
especialmente o Ver. Raul Carrion, que nos dá uma belíssima aula de história,
com uma capacidade muito grande de retomar os fatos históricos e fazer uma
análise. Por ali não irei, até por não ter a mesma competência, e por não me
sentir também plenamente destrinçada sobre o assunto. Mas eu queria ressaltar,
pelo aspecto da educação, o que significa trabalhar de uma forma crítica a
história com os nossos alunos, com as nossas comunidades.
Hoje os estudos mais recentes de educação nos mostram que o
conhecimento é construído com um corte cultural, que é resultado da experiência
cultural de cada aluno, de cada aluna; que aquela escola que preponderou por
muito tempo, que ignorava a realidade, que ignorava a cultura local, que
tratava todos os alunos igualmente, que contava de uma forma não imparcial,
contava a história pelos vencedores dessa história, por quem fez, hegemonizou
essa história... Fatos importantes da história sempre foram tratados de uma
forma leviana, passageira, distorcida, e citaria a Revolta da Chibatas, em que
um herói importante, negro, aqui do Rio Grande do Sul, nem é citado, ou, quando
esse acontecimento aparece nos livros didáticos, consta como uma pequena
revolta enfrentada pelo Presidente da época. E já temos um monumento em Porto
Alegre, temos um movimento forte para reconhecer o nosso Almirante negro.
Então, a história sempre foi contada pelos vencedores e foi dada com uma versão
única, uma versão da verdade como um recorte de fatos a serem repetidos,
aprendidos e decorados, ao mesmo tempo em que se ignorava o protagonismo de
cada uma daquelas crianças da sua família, da sua comunidade, da cidade nessa
história e a possibilidade de fazer as leituras diferentes da história.
Então, preocupar-se em lançar luzes, em estender uma
exposição, como é o fato aqui em questão, para que os nossos estudantes voltem,
releiam - e aqui tivemos diferentes leituras da legalidade que podem ser feitas
sob outro aspecto - é fundamental para a recuperação dessa identidade, desse
protagonismo da história, para se dar as diferentes versões do ponto de vista
de quem viveu a história dos derrotados, dos excluídos, de quem venceu, de quem
contou, de quem escreveu, de quem não pode contar.
Tornar-se itinerante para a nossa educação é fundamental,
isso vem ao encontro da educação que nós pensamos hoje: uma educação que
respeita profundamente a capacidade de leitura, de crítica e de reflexão dos
alunos; que deve respeitar profundamente a história, que deve dar o direito a
que as gerações compreendam, façam a leitura crítica da sua história.
Ressalto que o Memorial da Casa tem um grande mérito nesse
sentido, são muitas as exposições organizadas. Acho que a Câmara de Vereadores
cumpre esse papel que é seu, sim, de registrar a história, pelo menos uma forma
de registro e, com isso, alcançar aos nossos alunos e às comunidades elementos
para se apropriarem dessa história. Há aqui uma cultura de exposições
itinerantes. Há algumas exposições como a da educação, a da criança e do
adolescente, que têm agenda para o ano inteiro. A nossa Cidade já se apropriou
desse instrumento que a Câmara Municipal alcança. Então, penso que esta questão
que estamos apreciando vem ao encontro, tem mérito e o momento da legalidade é,
sem dúvida alguma, um momento fundamental do Rio Grande do Sul.
O que quero lamentar, sem tirar o mérito, é que o
ex-Governador Leonel Brizola, o seu Partido, tantos que lutaram na legalidade,
hoje se aliam com a direita, hoje se aliam com aqueles que defendem o
imperialismo, fazendo oposição a um Governo de esquerda aqui no Estado, uma
oposição muitas vezes rasteira, muitas vezes em cima da não-verdade,
lamentavelmente sem compreender o momento histórico que vivemos novamente no
Rio Grande do Sul, onde, por intermédio do Governo, por meio de ações públicas
se faz com que este povo experimente um outro país, uma outra condição de vida,
com inclusão social, que é, certamente, a luta que pautou a legalidade, ou
seja, de democratização, principalmente de controle social sobre o Estado.
O Governador Leonel Brizola e o PDT têm de fazer uma
reflexão sobre suas posturas, hoje, para não perdermos a nossa história, sob
pena de negarmos a importante história que ele protagonizou. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Dr. Goulart propõe exposição itinerante dos 40 anos da
Legalidade, e nós nos somamos no apoio a essa sua proposição. Inclusive, tive o
privilégio de dar o Parecer na minha Comissão e fiz um conjunto de proposições
para a boa realização desse tipo de evento. Sempre é preciso lembrar a
história. É muito importante que nós tenhamos presente, nos dias de hoje, a
começar por nossas escolas municipais, junto às nossas crianças, aos nossos
jovens, o que foi a nossa história. Afinal de contas, o regime militar que se
instaurou a partir de 1964 neste País ceifou vidas, acabou com a atividade
política, com a grandeza, com a qualidade e a eficiência de professores e
intelectuais da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, de resto, no
País também foi assim. Muitas pessoas, depois, foram exiladas. Para isso é
preciso lembrar daqueles que combateram, que estiveram nas trincheiras do
Piratini, que estiveram no alto do morro da Praça da Matriz, e temos de lembrar
do que muitas pessoas esquecem e nunca lembram, Ver. Juarez Pinheiro, da
postura do III Exército, que se colocou ao lado da Legalidade, que defendeu a
Constituição, enquanto Mourão marchou de Minas Gerais para rasgar e massacrar a
lei e a ordem do País; setores do Exército foram responsáveis por essa questão.
Nós queremos lembrar de uma personalidade importante desse processo, que é o
nosso amigo, o nosso companheiro, um grande batalhador, o Cel. Pedro Alvarez,
que foi Vereador desta Cidade, que foi Deputado Estadual cassado, que comandou
um desses processos aqui na Capital, e o Ver. Raul Carrion vai homenageá-lo com
o Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre. Muito, mais muito merecido o
título que o Ver. Raul Carrion, da Bancada do PC do B, dá ao Cel. Pedro
Alvarez, que foi uma figura fundamental no processo da Legalidade, como jovem
oficial do Exército na luta pelo “O Petróleo é Nosso”. Ele foi uma das figuras
mais importantes daquela batalha e tem tudo a ver com a Legalidade e tem tudo a
ver hoje, Ver. Juarez Pinheiro, com a defesa da soberania nacional e o
questionamento do que acontece em Alcântara, no Maranhão, do que querem fazer
com a ALCA, a Zona de Livre Comércio, as aves de rapina. É preciso usar essa
palavra antiga, mas necessária para esse processo de rapinagem que os Estados
Unidos querem fazer de novo no Continente. Eles que cuidem da sua ENRON, eles
que cuidem das empresas que estão falindo.
Getúlio Vargas, Presidente desta Nação, por duas vezes, sem
dúvida nenhuma, teve momentos de defesa do petróleo e da soberania, mas não
vamos esquecer que ele instaurou o Estado Novo. Para as mulheres, eu lembro que
foi durante a sua gestão, no dia 24 de fevereiro de 1934, Ver.ª Clênia Maranhão,
no domingo, é o aniversário do Dia da Conquista do Voto Feminino, mas foi por
intermédio do Movimento Sufragista das Mulheres, como foi também a luta do
“Petróleo é Nosso”, não porque o Governo quisesse, necessariamente, mas é
porque o povo queria.
É preciso lembrar aqui também, neste momento, a figura de
Monteiro Lobato.
Neste momento em que esta exposição será itinerante é
preciso lembrar essas figuras; a luta das mulheres, a campanha do “Petróleo é
Nosso”, Monteiro Lobato, e, para simbolizar aquele que está hoje ainda nesta
trincheira de luta, o Cel. Pedro Alvarez. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui pela TVCâmara. Nós estamos
votando um Projeto do Ver. Dr. Goulart, que eu quero elogiar pessoalmente, até
porque o Ver. Dr. Goulart tem o mesmo nome do motivo da comemoração dos 40 anos
da Legalidade que foi a defesa para que o Presidente Goulart assumisse a
Presidência, porque era Vice e tinha a renúncia do Jânio. O motivo, Ver. João
Bosco Vaz, principal da tentativa, não só do Exército, que seria injusto
colocar só sobre o Exército, e até porque haviam forças no Exército, como se
provou, com o próprio Movimento da Legalidade que não concordavam com nenhum
tipo de golpe. Mas parcela do Exército Brasileiro representava os setores mais
conservadores deste País. Esses setores queriam impedir o quê? Que o Presidente
Goulart assumisse? Não. Não era isso que estava em debate, Ver. Sebastião Melo,
que eu espero que também assuma aqui a tribuna na defesa dos 40 anos da
Legalidade, assim como o MDB tem história na luta democrática, eu tenho certeza
de que o PMDB se fará representar aqui na defesa do Projeto do Ver. Dr.
Goulart. Mas o que estava em jogo ali era impedir as reformas de base. Os
setores conservadores, autoritários, os setores diria até violentos deste País,
que faziam perseguições constantes para evitar qualquer tipo de projeto mais
popular ou de interesse mais nacional, esses setores representados por parcelas
do Exército queriam impedir a posse do Presidente, no caso o Vice-Presidente
Goulart, como Presidente legitimamente eleito. Por quê? Porque estava, em
questão eixos principais das reformas de base, e um deles a reforma agrária.
Quem nos assiste hoje, poderá pensar: “mas, reforma agrária, na década de 60?”,
ela já era um grande debate desta Nação. Reforma esta que não fizemos até hoje,
reforma esta que os setores mais conservadores e atrasados deste País tem
conseguido impedir ano após ano, eleição após eleição, e que nós temos certeza
de que neste ano o povo brasileiro saberá responder colocando um Governo que
realmente faça reforma agrária. Mas a reforma agrária era um dos pontos de
interesse de latifundiários; grupos poderosos econômicos dos setores mais
conservadores tentavam impedir a posse de Goulart para que não fosse feito esse
primeiro ponto – reforma agrária. Havia a reforma da educação também, ponto
fundamental nas reformas de base, mas havia junto com isso um caldo muito
importante na política, que mobilizava esses setores mais conservadores, que
era justamente um projeto de desenvolvimento nacionalista, que tivesse os
setores estratégicos - petróleo, comunicação – sob o controle do governo, que
tivesse na participação popular, ou seja, não da forma como nós a conhecemos
hoje aqui em Porto Alegre, felizmente, aqui no Rio Grande do Sul, uma forma de
participação popular ainda mais avançada, mas o início de uma participação
popular, que incomodava esses setores. Porque o povo começava a participar, o
povo começava a discutir, o povo queria saber da política, queria se esclarecer
– e isso é muito, mas muito perigoso para os interesses econômicos, para os
setores mais conservadores, para os latifundiários. Quando o povo vem para o
debate político, quando participa, quando toma consciência da sua situação
social ele quer mudança, ele quer transformação, e essa transformação,
inevitavelmente, atinge os poderosos que dominam e comandam este País há 500
anos. E o João Goulart como Presidente significava um ataque muito forte a
isso.
Esse projeto que hoje nós, aqui no Estado do Rio Grande do
Sul, aqui em Porto Alegre, conseguimos fazer vitorioso, mas queremos fazer no
País também, Ver. João Antonio Dib. Nós queremos fazer no País. E esse povo
gaúcho que soube lutar na Legalidade é o mesmo povo gaúcho que resistiu à
ditadura, é o mesmo povo gaúcho que elegeu Olívio Dutra Governador, e, tenho
certeza, manterá esse projeto de transformação social continuamente, porque a
história do Rio Grande do Sul é uma história de resistência à dominação de
países ricos, do poder imperialista e do interesse de pequenos grupos
econômicos. Aqui nós resistimos durante toda a história e continuaremos a
resistir. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, fui alertado pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt de que nós estávamos na iminência de decidir sobre a proposta do Ver.
Dr. Goulart que, por ser pacífica, iria ser imediatamente votada, independendo
de uma discussão prévia. Eu tinha um compromisso marcado, mas resolvi aguardar
num gesto de cortesia com o Ver. Dr. Goulart, cuja atuação neste Legislativo é
a das mais intensas e merece o nosso mais irrestrito respeito, ao qual nós não
temos poupado a oportunidade para proclamá-la.
O Projeto de Resolução, de autoria do Ver. Dr. Goulart,
propõe tornar itinerante a exposição sobre os 40 anos da Legalidade, promovida
pela Câmara Municipal de Porto Alegre, esta promoção que teve no Ver. Dr.
Goulart um entusiasta, que os nossos assessores da Casa ensejaram que se desdobrasse
aqui por um largo tempo e que inclusive já saiu, em determinado momento, aqui
da Casa.
O objetivo do Ver. Dr. Goulart é de que isso ocorra sempre
de forma orgânica, legislada, regulamentada, que não fosse apenas uma
disposição da Câmara Municipal, de um segmento da Câmara a produzir este gesto,
mas a Câmara como um todo oficializando um procedimento. Pretendia, inclusive
que fosse votado até o término do ano que passou, era o seu objetivo inicial. A
delonga na votação da matéria fez com que o Ver. Adeli Sell propusesse uma
emenda pela qual se estende até o final deste ano de 2002 a programação
itinerante, objeto do Projeto.
Era tranqüilo, eu que, lamentavelmente, em 1961 já era
suficientemente maduro para saber o que estava acontecendo, e, digo, lamentavelmente,
porque isso me transformaria num dos mais idosos da Casa, gostaria de ter sido
tão jovem quanto muitos dos que vieram aqui na tribuna e que, certamente, não
viveram aquele momento com a intensidade que eu vivi. E como todos fizeram
história desse momento, fizeram referência à historia, eu senti a necessidade,
Ver. Carlos Alberto Garcia, de salientar um detalhe: todos os episódios desta
Nação e todos os episódios da vida têm a nos oferecer lições. O 61, a
Legalidade mascarava uma realidade brasileira que, hoje, está contornada,
porque tínhamos, até então, a possibilidade de vermos - se via isso com muita
freqüência -, eleito Chefe do Executivo de uma agremiação partidária e o seu
vice, tanto o Vice-Governador, Vice-Prefeito, de outra agremiação partidária. O
Rio Grande do Sul, como de resto todo o Brasil, não deu ao Sr. João Goulart,
candidato a Vice-Presidência da República, a maioria para assim sê-lo. A
circunstância de que dois candidatos, Fernando Ferrari, o mais votado, aqui no
Rio Grande do Sul, com cerca de 50% dos votos, e o Milton Campos, o mais votado
nas Minas Gerais, em São Paulo e em outras unidades da Federação, terem
dividida essa votação, ensejou que o “JanJan”, como os nordestinos haviam
denominado a dupla Jânio e Jango, se elegesse Presidente da República.
Acentuou-se uma circunstância maior ainda, nem os grupos políticos que apoiavam
o Jânio tinham responsabilidade com a eleição do Jango; nem os grupos políticos
que haviam eleito o Jango tinham responsabilidade com a eleição do Jânio.
Instalou-se um Governo, neste País, sem maioria parlamentar, que tentou,
inclusive, o nosso Presidente Jânio Quadros, numa manobra política, pressionar
o Congresso Nacional anunciando uma renúncia da qual se arrependeria depois,
para com isso conseguir obter apoios que não vinha obtendo até aquela ocasião.
Esse quadro que vivenciei demonstra um fato extraordinário na vida política do
Rio Grande do Sul: é que o Sr. João Goulart não detinha a maioria do apoiamento
gaúcho, mas os gaúchos apoiaram o Movimento da Legalidade acima dos partidos
políticos, porque estavam defendendo que alguém, que liderava um partido
político, que acentuava o maniqueísmo político aqui no Estado, sempre chimango
e maragato, sempre PTB ou anti-PTB, PTB e Frente Democrática, a mesma Frente
Democrática que um ano depois ganharia a eleição para o Governo do Estado com o
saudoso ex-Governador Ildo Meneghetti pela segunda vez.
Por isso, Sr. Presidente, quero dizer que não lamento que
essa proposição do Ver. Dr. Goulart tenha ensejado essas digressões,
desnecessárias para aprovar o seu Projeto, mas que, ao menos, permite que
várias pessoas acentuem alguns aspectos relativos ao acontecimento histórico
que se realizou sob a liderança, sim, do Governador Leonel de Moura Brizola que
contou, na ocasião, com o apoio dos seus mais ferrenhos adversários na luta
pela defesa da Constituição do Estado de Direito que era o que estava em jogo,
naquele momento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, há pouco dias, Ver. Dr.
Goulart, foi arquivado pelo Ministério Público um processo de autoria do então
Deputado Onyx Lorenzoni, onde acusava a Secretaria Estadual de Educação, em
determinados materiais pedagógicos, de usar esse material para formação de
opinião nas escolas, com material ideológico, marxista de esquerda. Esse
processo foi arquivado pelo Ministério Público, é importante que se diga. E por
que eu faço referência quando estou tratando desse assunto tão pertinente,
neste dia, que foi aqui discutido e alardeado? Porque na história da formação
do conceito de formação de opinião, de formação de pensamento, essa história,
esse viés sempre foi usado por uma ideologia dominante. Ora, às vezes, ela vem
mascarada de várias formas, eu não quero, aqui, entrar apenas no mérito da
questão obscurantismo na época da Ditadura Militar, porque na verdade podemos
nos perder numa minúscula histórica, Ver. Dr. Goulart, Ver. Juarez Pinheiro,
que está atentamente nos escutando. E o que eu quero dizer com isso? Que esse
viés filosófico que sempre dominou a humanidade, ele vem, de vez em quando, com
uma determinada máscara, mas ele tem um perfil. E eu quero deixar claro que o
PT tem ideologia, sim, tem proposta e é um partido. Assim, nós gostaríamos que
todos os partidos mostrassem claramente a que vieram e qual é o seu viés. Só
que na história isso não é bem assim que acontece. Nós temos, sim, pela
formação do capital, desde os primórdios, a ideologia do mercado e, daí, a
formação da mentalidade humana. É em relação a isso que nós nos estamos
contrapondo, é em relação a isso, Ver. Dr. Goulart, que, com certeza, a proposta
que V. Ex.ª está defendendo aqui veio, naquele período histórico, contrapor a
aquele valor. O obscurantismo é apenas um momento; quando não mais o setor
dominante pôde dominar daquela forma, veio a Ditadura Militar; quando não mais
desse jeito, hoje temos internacionalmente a questão da globalização. A
globalização nós sabemos que está estanque, mas não vamos nos surpreender,
porque outra máscara virá para continuar dominando, através da cultura e da
formação dentro das escolas. Aí, quando há outro contraponto, como foi esse
viés importante da luta do João Goulart, do Getúlio, do Brizola, enfim, o que
acontece? Vem a Ditadura Militar, para acabar. Não que eu concorde 100%, Ver.
Dr. Goulart, mas isso não significa que eu não tenha aqui a responsabilidade de
apoiar a sua proposta, porque era, sim, uma força política da época que
contrapunha com muita força. Esse sistema, que não é apenas do Brasil, mas dos
servis do Brasil daquela época, fez com que se calasse durante tantos anos e
continuam sutilmente, nosso Presidente, nos calando até hoje.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um
aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, obviamente que eu ouço com
atenção a sua manifestação. V. Ex.ª pede que os partidos mostrem a cara,
mostrando quais as suas posições. O PFL não precisa mostrar a cara, não precisa
dizer que é a favor da economia do mercado, que é a favor da livre iniciativa,
que defende inclusive que pessoas como o Senador Alencar, de Minas Gerais,
possam começar de baixo e se transformar no maior industrial do País,
capacitando-se inclusive a ser convidado do seu Partido para ser o candidato a
Vice-Presidente da República. Nós mostramos a cara. Nós defendemos a economia
do mercado. Muito obrigado.
A SRA. MARISTELA MAFFEI:
Meus
parabéns, Vereador. V. Ex.ª é uma das poucas pessoas que faz isso publicamente,
porque geralmente existem os discursos que defendem algumas questões sociais,
mas que, na prática, são de direita e destruidores e compõem com esses atores
internacionais, compõem com a destruição da humanidade, compõem com uma
ideologia que cria corrupção, compõem com uma ideologia que acaba com o ser
humano, que troca os valores humanos pelos valores de mercado. Esta é a
realidade. Por isso, Ver. Reginaldo Pujol, eu parabenizo V. Ex.ª, por não ter
máscara, por mostrar realmente qual é a ideologia e a quem os senhores
defendem. Que bom que nós temos ainda seres humanos que se regeneram e começam
a ter sensibilidade, antes de terminar a sua história biológica, para fazer
algum bem à humanidade. Eu espero, com certeza, que o Sr. Alencar, nome que V.
Ex.ª citou aqui, de fato se tenha redimido, que comece uma história nova e que
possa cumprir com a missão de valorizar os valores humanos, assim como o Ver.
Dr. Goulart, no seu propósito de trazer essa faceta da história,
importantíssima, pois milhares e milhares de pessoas que fizeram a história do
nosso País, da América Latina e a história internacional sucumbiram, ficaram
esquecidas nos ditames daqueles que sentavam em seus gabinetes e escreviam a história;
e aqueles que realmente a fizeram, ficaram esquecidos. Mas pessoas como V.
Ex.ª, que tem uma história e como nós, do Partido dos Trabalhadores e da Frente
Popular, contrapõem e querem que todas as verdades sejam ouvidas, para que cada
um possa ter a sua opinião. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, os meus quase trinta e um anos de Câmara me permitem fazer algumas
observações neste momento. Quando eu cheguei à Câmara Municipal, fui membro da
Comissão de Justiça. Se o Projeto do Ver. Dr. Goulart me fosse encaminhado para
relatar, eu diria: “É legal, regimental; pela tramitação.” Hoje, erradamente, a
Comissão de Justiça diz “pela aprovação”. Deve tramitar ou não tramitar. Mas,
tudo bem. Passaria depois à Comissão de Serviços Municipais, quando diria,
tranqüilamente, um Vereador, lá: “O Projeto tem mérito.” Iria à Comissão de Finanças,
que diria: “Nada há a opor”, e, imediatamente, a Câmara se colocaria em
movimento para levar aos jovens, aos adolescentes, a nossa juventude, enfim,
aquilo que foi um momento importante na História da Pátria: o Movimento da
Legalidade, promovido pelo Sr. Leonel Brizola, que colocou a lei acima da
política, que colocou a ética acima da política. Mas este Projeto foi
apresentado um mês depois dos 40 anos da Legalidade. Confesso - e é uma
observação, posso estar equivocado, mas duvido muito que eu esteja equivocado
-, e vai ter gente que vai ficar brava agora, mas pediria ao Ver. Sebastião
Melo que retirasse o apoio ao Jornalista Políbio Braga, porque este apoio ele
já tem da Câmara. Ele não precisa mais, agora. Porque, senão, vamos ter,
continuadamente, manobras protelatórias para que não se vote a moção de Vossa
Excelência. Por isso que hoje o nobre Ver. Adeli Sell - que toma um chimarrão
tranqüilamente - foi buscar uma enciclopédia para falar sobre a Legalidade.
Ninguém falaria sobre a Legalidade, se não fosse para impedir a votação da
moção – eu disse que gente amiga iria ficar brava. Nós temos que fazer porque o
tempo já se está encerrando e não vamos prorrogar a Sessão. Duas vezes o
Requerimento de Vossa Excelência, no ano passado e agora, teve a sua votação
declarada nula, por falta de quórum. No dia 20 de fevereiro de 2002, eles
também retiraram o quórum. Hoje, não retiraram o quórum. Hoje, foram mais
hábeis, vão falar por muito tempo, e estamos em cima do horário de
encerramento.
Mas, de qualquer forma, Ver. Dr. Goulart, a proposição de V.
Ex.ª tem méritos. A juventude tem que saber o que aconteceu neste País, quando
se respeitava a lei, quando se jurava cumprir a Lei Orgânica e se cumpria a Lei
Orgânica. Hoje, votam cumprir a Lei Orgânica e não o fazem. É preciso que a
juventude saiba a diferença. Mesmo não sendo favorável ao Sr. Jânio Quadros na
eleição, o Dr. Leonel Brizola, como preocupação - apesar de que naquele momento
o Dr. Jânio já não era mais o Presidente da República, porque a renúncia é um
fato unilateral -, quis manter, e, não fosse a sua movimentação, nós teríamos a
história do Brasil escrita de forma diferente. O Dr. Brizola com o seu
movimento da Legalidade colocou o Dr. João Goulart na Presidência da República,
e pode-se ver que não o teriam colocado, porque, de repente, nós passamos a
usar o Parlamentarismo; depois, voltou-se atrás.
Portanto, é bom que a juventude saiba o que foi o Movimento
da Legalidade, mas também é bom que saiba que movimentos de legalidade, como o
que está fazendo agora o Partido dos Trabalhadores, eu também diria que é legal
e regimental. Eu não posso dizer que não pode fazer, mas não diria que tem
mérito. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01, por
cessão de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, é importante destacar aqui, ao Ver. João Antonio
Dib, que conta com o respeito da nossa Bancada, pela sua história, pela sua
atuação aqui na Câmara, que o debate dos 40 anos da Legalidade é fundamental.
Querer que um projeto que trata sobre o momento histórico mais importante deste
País, talvez o principal momento de resistência às forças conservadoras, seja
votado sem nenhum debate, sem nenhum registro, sem nenhuma forma para que a
população saiba que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre discute o Projeto
apresentado pelo Ver. Dr. Goulart, que tem todo mérito - e os nossos parabéns
pela iniciativa -, não é possível. Isso também está, como disse o Ver. João
Antonio Dib, dentro do processo legal e regimental desta Casa, e nós nunca o
quebramos, e vamos defendê-lo na Justiça, inclusive, e ganhamos.
É importante registrar que o Estado do Rio Grande do Sul, ao
longo de sua história, demonstrou, em vários momentos, uma resistência muito
forte à dominação, principalmente à dominação que exclui, à dominação que
concentra renda, que concentra poder econômico, à dominação que subjuga pessoas.
Isso se demonstrou nas revoluções, as tantas que ocorreram aqui no Estado; isso
se demonstrou na Coluna Prestes, isso se demonstrou na Legalidade, isso se
demonstrou na resistência democrática ao regime militar na década de 70.
Novamente quero registrar que eu estranho que o Ver.
Sebastião Melo, representante desse movimento, desse partido, não se pronuncie
sobre um assunto tão importante como a Legalidade, em nome do PMDB. Talvez
porque, à época da Legalidade, Ver. Dr. Goulart, o então Presidente Goulart
teve, por um ano, de conviver com o Parlamentarismo, em que Tancredo Neves, do
seu Partido, Ver. Sebastião Melo, foi o Primeiro Ministro. Talvez por isso, em
desacordo com o movimento da Legalidade, com a defesa de um país republicano,
democrático e presidencialista, não se queira pronunciar, fique constrangido
com isso. Talvez porque o movimento todo colocado aqui na Câmara é um movimento
do Ver. Sebastião Melo de querer ser o Primeiro Ministro de Porto Alegre, meio
que como um movimento lacerdista de Porto Alegre. É denuncismo, denuncismo,
ataque, ataque, ataque por parte do Ver. Sebastião Melo; ele é o Lacerda de
Porto Alegre, promove um novo movimento que quer fazer em Porto Alegre o
Parlamentarismo, e ele quer ser o Primeiro Ministro.
Traz o Prefeito aqui, faz denúncias, uma semana depois faz
outra denúncia e aí tem um outro assunto, daqui a pouco é outra denúncia, vai
para a imprensa, sai na imprensa.
Agora, assume a CEFOR e diz que só ele vai fiscalizar, o que
eu considero, inclusive Ver. Antonio Hohlfeldt, um desrespeito com os outros
Presidentes da CEFOR, que fizeram um bom trabalho aqui na Câmara e a quem a
Prefeitura nunca se negou a prestar qualquer esclarecimento, como fará hoje o
nosso Diretor Todeschini. Talvez por isso o Ver. Sebastião Melo não queira
assomar à tribuna para fazer a defesa democrática dos 40 anos da Legalidade.
Mas o Rio Grande do Sul resiste, homenageia quem resiste, não se entrega.
E, enquanto todos pensavam que o laboratório neoliberal no
Estado, colocado aos quatro ventos para a população como a melhor experiência,
iria continuar aqui, o povo gaúcho teve a altivez de dizer: “Não, aqui neste
Estado não vão vender o nosso patrimônio, não vão demitir pessoas, não vão
excluir pessoas. Não vão entregar o nosso dinheiro, o nosso patrimônio para
grupos poderosos multinacionais”.
Esse mesmo Estado agora enfrenta, dos setores mais
conservadores, mais reacionários do poder econômico, um duro ataque para tentar
derrubar um Governo legitimamente eleito. De novo, o Estado do Rio Grande do
Sul demonstrou altivez para defender este Governo, para dizer que aqui não vão
dar golpe, não vão inventar impeachment.
Neste Estado, nós soubemos resistir. Neste Estado, nós continuaremos a
resistir, e este Estado fará o Brasil avançar cada vez mais para ser um novo
País, numa nova justiça, ética na política, honestidade, não à corrupção, não à
venda do nosso patrimônio. Aqui, nós vamos transformar o Brasil, com a ajuda de
todos os lutadores sociais e populares que fizeram a história deste País. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em homenagem ao Dr. Goulart, que é um Vereador operoso,
comprometido com as boas lutas da democracia e da inclusão social, eu cedi a
ele, na verdade, nós podíamos até ter feito encaminhamento, porque era uma
matéria recorrente e referente ao Políbio. E eu quero dizer que eu fiz isso com
muito gosto e acho que isso é do Plenário. E a bancada governista está
utilizando o tempo para que a Sessão vá a mais tempo, para que não se enfrente
a questão do Jornalista Políbio. Mas eu quero dizer que eu sou bom de luta e
que vou requerer, na Sessão que vem, para que ele seja matéria de primeiro
ponto e vou sustentar isso aqui da tribuna.
Então, já vou avisando aos navegantes. Segundo, quero dizer
ao querido Vereador Vice-Líder da bancada governista, continuísta, que eu sou a
favor da legalidade, por inteiro, da Legalidade de 1961 e da legalidade agora,
que o Prefeito quebra através dos seus AI-13, diariamente emitindo decreto
contra o povo, nos tarifaços. Então, eu sou a favor da legalidade, por inteiro,
não é só no discurso, mas, principalmente, quando estou no Governo.
Em terceiro lugar, quero dizer ao Ver. Marcelo Danéris que
ele, talvez, por estar impregnado por esse veio autoritário que o seu Partido,
uma boa parcela sempre está nesse veio, ele, talvez, por tanto gostar do
Lacerda... Porque o Dr. Tarso Genro fez mais ou menos que nem o Lacerda,
escondeu as crianças de rua no Fórum Social, o Dr. Lacerda jogava no rio Gandu,
e ele jogou ali no Hotel Avenida e depois botou na Lomba do Pinheiro. Então,
decerto é por isso que ele vem à tribuna falar dessa matéria. Portanto, vamos
devagar com o andor que o santo é de barro.
E quero dizer que, por mais que a bancada governista
provoque, um dos esteios da democracia é o contraditório. Eu fui eleito não foi
para ser linha auxiliar do governo, foi para fiscalizar esse governo conservador
e fiscalista, e isso ninguém vai me tirar. Isso é mais capitalista que qualquer
capitalista. Aliás, são linhas auxiliares do FMI, porque suas políticas são
conservadoras e fiscalistas. Eu vou voltar ao nosso tema, Ver. Dr. Goulart. Sem
dúvida alguma, o Movimento da Legalidade foi o maior movimento moderno dessa
história envolvendo as classes médias e os movimentos operários, em defesa da
modernidade, da institucionalidade e contra o atraso.
A nossa história, Ver. Ervino Besson, é uma história conturbada,
do ponto de vista de golpes. Se pegarmos a República, a República surgiu de um
golpe; e depois de Teodoro estabelecer a República veio o Marechal Floriano e
deu um golpe dentro do golpe. E foi até 1910 onde se estabeleceu o primeiro
momento da República Velha, que veio até 1930 na política do Café com Leite,
revezando entre paulistas e mineiros o Poder Central... E aí vem a Revolução de
30, onde o grande líder inconteste, o maior estadista da América Latina, quiçá
de outros povos, Getúlio Dorneles Vargas, que permaneceu no poder de 30 a 45...
E essa quebra, portanto, do estado democrático de direito tem sido permanente
ao longo da história brasileira. E o Movimento da Legalidade foi justamente
esteado naquilo que para nós é o esteio maior da vida democrática que é a
afirmação do sistema legal, institucional sem a sua quebra. Por isso é que o
governo quando vem à tribuna se assusta muito, porque o Governo que aí está se
aproxima muito da velha ARENA - são muito autoritários - tanto no Governo do Estado
como aqui. Quando eles vêm à tribuna, tentam justificar, mas não justificam;
falam, mas não justificam.
Então, Ver. Goulart, um povo sem história é um povo sem
referencial, um povo que não cultiva e não resgata a sua história não se
projeta para o futuro como grande povo. Quando V. Ex.ª quer tornar itinerário o
movimento da legalidade que está em torno de todo um processo histórico
brasileiro, ele é meritório, é extraordinário, ele é fantástico, V. Ex.ª,
portanto, está de parabéns e a nossa Bancada, com muito gosto, votará
favorável. O Ver. Marcelo Danéris deveria-se preocupar com a sua Bancada, que
tem muita confusão, não consegue explicar. Deixa as outras Bancadas se
inscreverem, usar do Regimento; ele está preocupado, porque, na verdade, estão
de mãos dadas com os empresários da Cidade, com os tarifaços, com as empresas e
aí fica difícil de explicar. O discurso é da inclusão social, mas a prática é
da exclusão social. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Vereadores. Primeiro, quero dizer que temos uma Bancada de nove
Vereadores, uma Bancada plural, mas é uniforme, aguerrida. É mais fácil, talvez,
porque temos o caso de uma Bancada de um, falou o Ver. Sebastião Melo e está
respondendo por si mesmo. Eu tenho o prazer e a honra de estar aqui
representando a minha Bancada que está toda no Plenário. O Ver. Sebastião Melo
produziu para nós algumas peças interessantes no debate. Quando o vejo atuando
no Plenário, tenho particular apreço por ele, mas aqui no Plenário e nesta
tribuna fico imaginando qual é a imagem que a população vê no Canal 16, quando
ele faz as suas proclamações. Ele é um homem de tribuna e faz júri; o júri tem
um componente emocional muito grande, onde a gente cria situações e ele faz
esse júri e parece que até sai-se muito bem profissionalmente, mas aqui não é
júri popular, aqui não tem Promotor, e aqui não somos Juízes. Portanto, o Ver.
Sebastião Melo deveria verificar, também, em uma regressão histórica, por que
estamos tratando da Legalidade, a qual nossa Bancada vai aprovar, como ele viu
as legalidades, por exemplo, da privatização da CEEE, da CRT; como ele viu a
criação dos pedágios, os contratos das concessões. São questões de legalidade.
Isso é uma coisa importante. Como ele vê, como partido apoiador de sustentação
do Governo Federal, as cinco ou seis mil medidas provisórias, que vão desde a
compra do carro, e sabemos qual a natureza da medida provisória, desvirtuando e
fazendo com que o Congresso fique calado sobre tudo. Ele não fala sobre isso.
Essas são questões de legalidade.
O Brasil foi surpreendido, no dia 25 de agosto de 1961, com
o anúncio da renúncia, e o Presidente da Câmara, naquela época, Renieri
Mazzilli, rapidamente convocou o Congresso para aceitar na esteira da tentativa
de Jânio Quadros, que foi eleito pela UDN e que fez vários movimentos que só
acabaram sendo bem sucedidos em 1964, com o golpe militar. E aceitaram a
renúncia. Jânio Quadros fez isso, e estava fora do País o Vice-Presidente, em
missão em Pequim, na China. Estamos falando isso aqui, Ver. João Antonio Dib,
não para ganhar tempo sobre a posição do Vereador; é que temos compromisso com
a história, porque os políticos que estão aqui também criaram essa história,
todos eles, inclusive V. Ex.ª, Ver. João Antonio Dib. A UDN pensava ter Jânio
Quadros como um marionete. Enganaram-se; ele tinha idéias próprias. Poderia não
ter concordância, mas tinha idéias próprias. E a mesma celeuma que se cria, às
vezes, aqui no Plenário, como bem anunciou nosso colega Ver. Marcelo Danéris,
com factóides, era feito também contra o Presidente. A Lei Antitrust, a Lei da Remessas de Lucros, tudo isso servia de base,
e o Presidente reuniu os Ministros militares querendo intervir no então Estado
da Guanabara e fechar o Congresso. Não obteve apoio. Achou que poderia, com
seis milhões de votos, pela renúncia, voltar. Saiu e criou-se então um
movimento para não assumir o Vice-Presidente. Vários resistiram, mas o Rio
Grande do Sul foi o destacado. No Rio de Janeiro, houve resistência, e essa fez
com que assumisse aqui no Rio Grande do Sul o movimento da Legalidade, que teve
como destaque o Governador Leonel Brizola, essa rede que foi criada. Teve
importância, nessa época, a posição
do Gen. José Machado Lopes, Comandante do 3.º Exército, a Brigada Militar, e
com isso se impediu. É verdade que Jango assumiu para reinar, e não governar,
por causa da mitigação da Emenda Constitucional que criou o Parlamentarismo,
mas logo depois, em 1963, o povo brasileiro disse: “Não, é Presidencialismo”, e
restauraram os poderes do Presidente. A UDN, que quis sempre o poder
relacionado com a economia, não tinha o poder político, e aí, dessa vez, assumiu
de novo o poder com o Golpe Militar de 1964.
É uma página da nossa história que alguns talvez queiram
repetir, quando fazem pronunciamentos aqui dentro, os quais não têm nada com a
tradição democrática que dizem querer sustentar, mas, sim, para demolir a
democracia, com base nos instrumentos que a própria democracia cria, e nós
somos os responsáveis de fazer os antídotos que a democracia tem, os seus
anticorpos para mantê-la, porque, pior que não ter democracia, é a proposta que
vem, às vezes, se fingindo de democrática para sustentar movimentos de
desestabilização. Por isso, vamos encaminhar na voz de Liderança, Sr.
Presidente, na outra vez, quando tivermos outra oportunidade, a defesa do
Projeto do Ver. Dr. Goulart. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PR n.º 091/01, por
cessão de tempo do Ver. João Carlos Nedel.
Desiste. Encerrada a discussão. Em votação o PR n.º 091/01, de autoria
do Ver. Dr. Goulart. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para
encaminhar.
O SR. CARLOS ALBERTO
GARCIA:
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, em nome
do Partido Socialista Brasileiro, cumprimento o Ver. Dr. Goulart por esta
iniciativa. V. Ex.ª, no ano de 2001, já fez, com brilhantismo, aqui nesta Casa,
a exposição que inclusive teve grande ressonância, não só nesta Casa, mas em
nível de Porto Alegre e de Estado do Rio Grande do Sul. Achamos importante,
sim, cultivar esta memória, porque um povo que não tem memória se perde, e não
sabe das suas raízes, e graças a V. Ex.ª, cada vez mais, este que foi, sem
dúvida nenhuma, um dos maiores marcos da história da democracia do nosso Estado
estará, por intermédio deste Projeto, sendo preservado. Vários Vereadores já
disseram que é um projeto simples, mas uma coisa que eu aprendi na vida é que
as coisas simples são as que são grandiosas e ousadas.
Portanto, levar este Projeto às escolas vai poder fazer com
que as crianças, jovens e os adolescentes e também - por que não? - os idosos,
muitas vezes em processo de alfabetização, possam fazer uma interação, os
idosos contando algo que vivenciaram e presenciaram e os jovens colhendo
aquelas sabedorias desse episódio, porque esta é uma história viva que está dentro
da raiz de cada um de nós. Naquela oportunidade eu era uma criança, eu tinha 9
anos, mas me lembro muito bem do episódio, aquilo era o fato: vai ter guerra,
não vai ter guerra? A movimentação. Então, aquilo mobilizou todos os segmentos.
O então Governador da época, Leonel Brizola, um jovem que
naquela oportunidade tinha 39 anos, de maneira ousada conseguiu movimentar todo
o povo gaúcho. A primeira coisa é que ele tinha a visão que hoje cada vez mais
nos mostra a importância da mídia, e na importância da mídia o que ele fez?
Pegou a Rádio Guaíba e, a partir dali, começou a ter uma interação maior não só
com o povo gaúcho, mas com o povo brasileiro. Tinha vinculação familiar, mas
esse não foi o motivo principal. O principal motivo, na realidade, foi a garantia
da democracia. Quando ocorreu o episódio, e alguns já o retrataram, o
Vice-Presidente da República, o gaúcho João Goulart, não estava no Brasil,
estava na China; o Ver. Reginaldo Pujol deu aqui a sua versão que muitos até
dizem que o Jânio renunciou, mas não queria renunciar. Só que esses fatos
jamais poderemos saber. E, na realidade, uma pessoa quando chega à presidência
dificilmente vai blefar. Mas a realidade é que houve a renúncia, e, no momento
da renúncia, configurou-se um fato e, em cima deste fato, houve uma tentativa
de golpe. O medo, o receio de ser implantado um modelo socialista no nosso
Brasil.
Mas é um horror na sua visão, Ver. João Carlos Nedel, mas
era um fato presente, e foi por isso que houve toda aquela movimentação. Mas
graças ao movimento aqui do Rio Grande do Sul conseguiu-se criar uma base, uma
trincheira e uma voz forte dizendo “não”. Então, eu entendo que isso aí vai
fazer com que os jovens possam, cada vez mais, ter orgulho das personalidades
que fizeram, fazem e farão a história do nosso Rio Grande. Ver. Dr. Goulart,
parabéns pela sua iniciativa! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o PR n.º 091/01.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, o bom debate nos agrada, no campo das idéias,
respeitando sempre a individualidade, a pessoalidade. E eu quero devolver ao
nobre Líder governista continuísta - por quem tenho um apreço muito grande e
pessoal pela sua história, pela sua luta -, de que o seu Partido, o “PTL –
Partido Tributarista Liberal,” é o Partido mais privatista que há neste Estado,
porque privatizou o Governo do Estado e a Prefeitura a favor do seu Partido.
Aliás, eu diria, Srs. Vereadores, que eu nunca vi tanto uso da máquina pública
a favor de um partido político. E aliás, quem está dizendo isso não sou eu, por
favor, não sou eu! Quem está dizendo isso é o Tarso “FH” Genro, qual seja, de
que o Governo do Estado utiliza a máquina pública tirando ele da TVE, de que o
Governador Olívio Dutra levou no mínimo 150 CCs do Palácio Piratini para
aplaudi-lo no Fórum Social. Então, V. Ex.ª tem razão, V. Ex.ª tem razão. O
Partido de V. Ex.ª é privatista, porque apropriou-se do dinheiro público em benefício
dos interesses partidários. Mas eu vou mais além. Em matéria de privatização, o
Governo de V. Ex.ª...
E não adianta V. Ex.ª me intrigar com o Governo Britto,
porque aqueles que nos conhecem sabem que eu presidi o PMDB, não ocupei nenhum
cargo no Governo Britto, apesar de ter sido convidado, tenho profundas
divergências com as suas políticas públicas executadas neste Estado, e,
portanto, V. Ex.ª não vai me carimbar. Nós somos vinho de outra pipa, água de
outra vertente.
Em matéria de privatização, vamos continuar. O pedágio era
ruim no Governo Britto, era ida. Agora no Governo de vocês é a ida e a volta.
Mas são outras praças que se constituíram, porque gostaram, maravilhosamente,
dos pedágios. Mas, mais: aqui eu não quero privatizar a água, mas vou lá para
Ribeirão Preto onde o Prefeito de V. Ex.ª privatizou a água. Então vamos
devagar! Vamos devagar, porque a história para aquele que a conhece pode ser
recomposta. Eu vou voltar ao leito da discussão, Ver. Dr. Goulart, mas eu gosto
deste debate porque ajuda a população a conhecer o outro lado da história,
porque o lado da história que eles tentam montar é a do partido da inclusão
social, da defesa da cidadania, da transparência, mas na prática é o partido,
muitas vezes, da escuridão, do decreto lei, do AI-13, onde ele aumenta a água,
onde ele aumenta o transporte coletivo, onde ele suplementa verbas de caminhão
aqui para destinar, especialmente, para a propaganda.
Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Dr.
Goulart, em boa hora valeu, valeu essa inversão. Nós vamos voltar ao assunto do
Jornalista Políbio Braga na outra Sessão. Quero mais uma vez dizer que este
Projeto, com certeza, constrói cidadania e esta é a cidadania verdadeira. É a
cidadania que vai informar nos colégios, nas entidades da sociedade civil,
resgatando a nossa história e esse ponto afirmativo da história brasileira o
qual nos orgulhamos de Leonel de Moura Brizola e todos poderão ter as suas
divergências. Mas se há um líder que devemos respeitar pela contribuição que
este homem deu a história chama-se Leonel de Moura Brizola. Esse homem, na hora
mais difícil, na hora mais dura deste País, onde as forças conservadoras
aliadas com o capital internacional e tudo que há de exclusão neste País, pois
ele, aqui, no Brasil meridional, aliado com os gaúchos, com as gaúchas, com os
jovens, com as universidades e com o 3.º Exército, que teve a sensibilidade de
dizer “vim aqui no Palácio dizer ‘sim’, sou a favor da legalidade, sustentando
a volta de João Goulart, um progressista, um homem que lutou pelas reformas de
base, um homem que, também, tem o seu marco na história”... Eu diria que se
esta história fosse escrita por linhas certas, quem deveria, por justiça, ter
sido Presidente do País, no retorno da democracia, era Leonel de Moura Brizola
depois de tudo o que passou, depois de tudo que construiu e de tudo que fez.
Portanto, parabéns, Ver. Dr. Goulart, boa luta, e quero
dizer que, com muita tranqüilidade, Ver. Estilac Xavier, vamos continuar este
debate, porque, mais uma vez, volto a dizer: palavras sem atos são como tiros
sem balas, soam, mas não ferem, e mais: o que justifica não é o discurso, e sim
a caminhada, foi o que quis dizer, parafraseando o Padre neste discurso.
Portanto, muito obrigado, Sr. Presidente, pela tolerância. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar o PR n.º 091/01.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores vou encaminhar favoravelmente, em nome da minha Bancada, a
proposição do Ver. Dr. Goulart, oportuna e importante. Mas gostaria de dizer
algumas palavras para sustentar a minha opinião, da minha Bancada. Nós vivemos
um tempo em que precisamos definir bem o papel dos homens e das mulheres. Nós,
aqui, temos nos postado com a idéia de sustentar um projeto que emancipe o
homem e que lhe dê igualdade e liberdade. Esses dois valores que sustentam a
própria existência humana. O que temos assistido aqui nesta Casa? É que esses
elementos que deveriam ser orientadores da nossa conduta, aqui, mais das vezes,
são minimizados. São minimizados para poder esconder e obscurecer aquilo que é
o papel fundamental de um político responsável com a vida do seu povo, da sua
Cidade, do seu Estado, do seu País. Quando nós falamos da Legalidade, estamos
falando também das condições que chegamos no nosso País até hoje.
Portanto, muitas vezes, Ver. Sebastião Melo, quando V. Ex.ª
vem aqui, de forma tonitruante, cobrar do Executivo Municipal sabedor dos seus
limites, criando-lhe empecilhos, fazendo fatos, um atrás do outro - V. Ex.ª é
um trabalhador, isso não desconheço -, cujas conseqüências, a imprensa logo vai
perceber, um factóide atrás do outro, um elemento atrás do outro, um dia é a
água, um dia é isso, outro dia é aquilo, outro dia é a suspensão do DEMHAB,
outro dia é a CPI do não-DEMHAB, isso, de fato, faz obscurecer aquilo que V.
Ex.ª deveria colocar para todos nós. Quem é o principal responsável, Ver. Dr.
Goulart, pela situação de miséria da saúde, da educação, da habitação do nosso povo?
E que atinge também Porto Alegre que nós, de forma absolutamente clara e
transparente, sustentamos ao inverso? O Governo central.
É bem verdade, Ver. Sebastião Melo, V. Ex.ª sei que não teve
participação no Governo Antonio Britto, não teve, e eu acredito na sua palavra,
mas V. Ex.ª foi o Presidente do Partido, e não lembro de V. Ex.ª vir a público
e dizer: sou contra, por princípio, a essas questões. E eu não posso estar no
mesmo leito, V. Ex.ª falou: “Não sou vinho da mesma pipa, não sou da mesma cepa”.
Mas, quando eu achava que um lenhador se distinguia no lenho e na cepa daquela
árvore, ele saía daquela floresta; quando o vinho não é bom, da pipa, se bebe
de outra. Mas V. Ex.ª se manteve na mesma pipa, contrário a ela, é bem verdade,
mas onde é que está a coerência? A legalidade do seu discurso tinha que ter
coerência nesse ponto, assim como nós estamos querendo prestigiar a legalidade,
que foi a defesa do Presidente Jango assumir. Eu não vejo mérito de nós aqui
nos digladiarmos desta forma, inclusive porque um parlamentar da qualidade do
Ver. Sebastião Melo pode contribuir muito com esta Casa, ele sabe a forma de
respeito que eu tenho pelo seu trabalho, agora, quando nós ficamos nos
digladiando, por exemplo, na questão do Jornalista Políbio Braga...
Eu vou fazer requerimento depois a respeito porque eu quero
que a Casa assuma o compromisso aqui, Ver. João Antonio Dib, de quais são os
elementos de fato que estão nessa discussão? Nós estamos dando solidariedade
sobre o que, de fato, quando formos votar? Porque estão dizendo aqui, V. Ex.ª
usou, que nós estamos fazendo expediente protelatório. Não estamos.
Vou concluir a minha fala dizendo que a nossa Bancada vai
votar a favor do seu Projeto, Ver. Dr. Goulart. Parabenizo V. Ex.ª pela
atitude, porque permitiu que aqueles que ouvirem este programa de hoje possam
entender um pouco da nossa história e por que estamos assim hoje, e dizer que
as palavras podem se perder ao vento e que os atos têm de estar subordinados às
palavras, e não é isso que nós vimos, muitas vezes, aqui, não! E se fosse
socorrer o meu amigo e companheiro Ver. Sebastião Melo sobre as palavras, sobre
o tiro, no término da sua manifestação, eu lhe auxilio: um tiro que não tem
efeito é um tiro de festim, Ver. Sebastião Melo. Nós aqui não atiramos, nós
aqui defendemos argumentos, porque temos coerência nas nossas palavras e
atitudes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati): O
Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o PR n.º 091/01.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje a bancada de situação fez uma maldade sem
par com o Ver. Dr. Humberto Goulart. Valeu-se do Projeto do nobre Ver. Dr.
Humberto Goulart, em que pese a negativa do Ver. Estilac Xavier, para, pela terceira
vez, na terceira Sessão consecutiva, protelar a discussão básica que, parece,
atemoriza o Partido dos Trabalhadores, que é a discussão sobre a censura, sobre
a cooptação, até sobre a violência no sentido de pressionar, levar à demissão,
sobretudo no Governo do Estado. Quero dizer, a bem da verdade, que não conheço
situação semelhante na Prefeitura de Porto Alegre nem no tempo de Tarso Genro,
no governo anterior, nem no tempo de Raul Pont, nem na atual Prefeitura de
Tarso Genro, mas no Governo do Estado, sim. Parece que isso atemoriza o PT
nessa discussão; então, protela-se, arrasta-se e usa-se, Ver. Dr. Humberto
Goulart, o seu Projeto. Maldade maior será, se, depois de tudo isso, nós não
tivermos quórum para votar o seu Projeto. O espectador desta Sessão, por meio
da televisão, há uma hora e trinta minutos estamos discutindo esse tema,
sobretudo o jovem espectador, eu diria, talvez tenha lucrado por entender a
lógica do Parlamento. Como Parlamento é um espaço interessante para
desmascarar, para desmistificar, para revelar a verdadeira face daqueles que,
discursando, de um lado, têm comportamentos, na prática, absolutamente
diversos. O Vereador Líder do PT queixa-se dos factóides trazidos aqui pelo
Ver. Sebastião Melo. Eu não tenho procuração do Ver. Sebastião Melo para
defendê-lo, até porque ele já mostrou ser suficientemente altivo e é maior de
idade para fazer a sua autodefesa. Eu diria que factóides da oposição, porque
me incluo nisso, tentam responder aos decretóides
e aos vetóides do Prefeito Tarso F.
H. Genro, porque é a única maneira.
E o Getúlio, Ver. João Bosco Vaz, certamente deve se
revoltar na sua tumba cada vez que vê um discurso de esquerda depois se
traduzir numa prática de direita, porque ao menos uma coisa nós temos de
conceder ao Dr. Getúlio: ele falava pensando aquilo que ele dizia, e fazia
depois o que havia defendido. Pelo menos, foi o que sobrou do seu período.
Então, a favor dos factóides é a nossa reação contra vetóides e contra decretóides. É a única maneira que a oposição tem de poder,
realmente, encaminhar. E quanto às denúncias de saúde, a nossa preocupação é:
se a saúde anda tão mal e o Governo Federal tão ruim, a Prefeitura de Porto
Alegre e o Governo do Estado conseguem, ainda assim, ser piores ao devolverem
dinheiro ao Governo Federal, segundo – vou repetir – já se havia feito denúncia
aqui anteriormente no caso do Governo do Estado, e agora, ao que parece também,
ocorre a questão relativa à Prefeitura Municipal.
A lição, Sr. Presidente, em última análise, é que, curiosamente, quando Vereadores do PT apresentam moções de repúdio ou de apoio, Ver. Dr. Goulart, eles dizem que estão fazendo ação política. Quando nós ousamos apresentar moções de apoio ou de repúdio, estamos tergiversando, sendo tonitruantes, perdendo tempo, enganando a opinião pública, e tantas outras coisas mais que ouvimos aqui. Na verdade, as duas situações revelam apenas ações políticas de situação ou de oposição. Por certo, o telespectador que agüentou até agora este debate – eu diria quase um falso debate, porque na verdade não tinha muito o que se colocar aqui, pois estávamos todos de acordo, e quando se está de acordo não tem debate, Ver. João Antonio Dib - pelo menos terá aprendido isso. Na verdade, pode-se tergiversar falando ao longo de muito tempo, pode-se tergiversar com medo de se enfrentar o resultado final, e o espectador vai julgar se a proposta do Ver. Dr. Goulart precisava de tanto tempo para ser discutida ou se era melhor termos ido para aquele assunto onde temos diferenças e não apenas somos consoantes, que é o seu Projeto, que é exatamente discutir se o Jornalista Políbio Braga merece ou não a nossa simpatia e o nosso apoio. Mas desse o PT quer fugir! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o PR n.º 091/01.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Antonio Hohlfeldt colocou muito bem: nós discutimos o quê?
Todos concordamos com o Projeto de Resolução do Ver. Dr. Goulart, mas era
necessário que o tempo escoasse, e disso não tenho dúvida nenhuma. Na seriedade
de alguns pronunciamentos feitos aqui vou colocar as minhas dúvidas, porque, no
grande dia em que se comemorou os 40 anos da Legalidade, havia Vereadores que
hoje vieram a esta tribuna que não estavam sentados no Plenário. O Ver. Estilac
Xavier estava, falou e inclusive lembro o que falou. O meu Partido estava ali
inteiro, falou o Ver. Pedro Américo Leal, porque viveu intensamente o movimento
da Legalidade, e é, portanto, necessário que a juventude conheça a história da
nossa pátria, porque o passado ajuda a construir o futuro. Mas não vou, nunca,
entender os que fazem discursos aqui, que eu digo que são para procrastinar, e
é verdade, pois, quando houve os 40 anos da revolução cubana, e comemoraram
aqui, esse monte de Vereadores que faz discursos e mais discursos não estava
aqui no Plenário. Nem heróis que defendem a revolução cubana estavam aqui. Eu
vim aqui, em nome do meu Partido, falei contra o paredón, falei contra as quarenta mil mortos, achei que o Fidel
Castro acertou quando ele tirou o Fulgêncio Batista, disse o que eu pensava,
mas depois ele foi o pior dos ditadores que apareceram por aí. Mas vim aqui e
disse. Então, sinto-me muito tranqüilo quando digo que estamos apenas
discutindo e encaminhando para que cheguemos às 13h45min e a Sessão se encerre.
Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José
Fortunati):
Em votação o PR n.º 091/01. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em votação a Emenda n.º 01 ao PR n.º 091/01. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda n.º 02 ao PR n.º 091/01. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação nominal, por solicitação do Ver. Sebastião Melo,
a prorrogação da presente Sessão por mais duas horas. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) Dez votos SIM e 01 voto NÃO. Votação nula. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão por falta de quórum.
(Encerra-se
a Sessão às 13h45min.)
* * * * *